SANTIAGO - O Chile convocou nesta segunda-feira, 29, para consultas o embaixador do Brasil em Santiago, Paulo Pacheco, em protesto pelas declarações do presidente Jair Bolsonaro contra o líder chileno, Gabriel Boric, a quem acusou de “queimar o metrô” nos protestos de 2019, informou a chanceler Antonia Urrejola.
“Consideramos essas acusações gravíssimas. Obviamente são absolutamente falsas e lamentamos que em um contexto eleitoral as relações bilaterais sejam aproveitadas e polarizadas por meio da desinformação e das notícias falsas”, disse Urrejola.
A reação é em resposta às declarações do presidente Bolsonaro durante o tenso primeiro debate eleitoral no domingo à noite com os candidatos à presidência.
O presidente acusou Boric de estar por trás do incêndio de várias estações do Metrô de Santiago durante os protestos que começaram em 18 de outubro de 2019 e que pediam uma maior igualdade social.
“Lula apoiou o presidente do Chile também; o mesmo que praticava atos de tocar fogo em metrôs, e olha para onde está indo o nosso Chile”, disse Bolsonaro, depois de enumerar o apoio de Lula a vários governos de esquerda na América Latina.
“Convocamos o embaixador brasileiro para esta tarde na Chancelaria em nome do secretário-geral de política externa, onde lhe enviaremos uma nota de protesto”, explicou Urrejola. Ela descartou a possibilidade de rompimento das relações diplomáticas.
“Obviamente essas declarações não facilitam as relações, mas existe uma relação histórica, temos uma história e um futuro comuns, e vamos continuar trabalhando nesta relação bilateral”, disse a ministra chilena. “Esta não é a maneira de se fazer política.”
A revolta popular no Chile, que começou como um protesto contra o aumento das tarifas do metrô e se transformou em um clamor por um modelo econômico e direitos sociais mais justos, tiveram saldo de cerca de 30 pessoas mortas e milhares feridas em confrontos com as forças de segurança.
Três anos depois, ainda é desconhecido quem estava por trás do incêndio de 25 estações do metrô da capital chilena.
Bolsonaro foi um dos poucos líderes latino-americanos que não compareceu à posse de Boric, em março./AFP e EFE
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