BRASÍLIA – A Câmara dos Deputados aprovou, por 277 votos a 129, a manutenção da prisão do deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ). O parlamentar, que está preso desde o último dia 24, é acusado de mandar matar a vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL) e o motorista dela, Anderson Gomes, em março de 2018.
A Federação Brasil da Esperança, que inclui o PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o PV e o PCdoB orientaram voto a favor do parecer do relator Darci de Matos (PSD-SC), que determinou a manutenção da prisão de Brazão. Todos os 64 petistas que participaram da sessão seguiram a orientação. Dois deputados do PV, Jadyel Alencar (PI) e Luciano Amaral (AL) votaram contra o encarceramento do parlamentar.
O PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, orientou que os seus parlamentares votassem contra a manutenção da prisão de Brazão. Ao todo, 71 dos 83 deputados da sigla que participaram da sessão seguiram a orientação. Eduardo Bolsonaro (SP), filho do ex-chefe do Executivo, foi um dos que votou pela soltura do colega de plenário. Sete parlamentares da legenda, porém, decidiram votar pela prisão de Brazão e outros cinco se abstiveram.
Brazão era filiado ao União Brasil até ser expulso pelo diretório da sigla no último dia 24, horas depois de ser preso pela Polícia Federal (PF). A legenda decidiu liberar o voto da bancada. Dos 40 deputados presentes na sessão, 16 votaram pela manutenção da prisão e 22 pela soltura de Brazão. Outros dois se abstiveram.
A bancada do União na Câmara é formada por 58 deputados, mas 18 estavam ausentes durante a sessão que julgou o destino político do ex-correligionário. O percentual de ausência foi de 31%. Daniela Carneiro, ex-ministra do Turismo do governo Lula, votou pela soltura de Brazão.
Dos 39 deputados do Rio de Janeiro que estavam na sessão, 18 votaram para manter Brazão preso e outros 18 votaram para soltar o parlamentar acusado de matar a vereadora da capital do Estado. Houve também três abstenções.
Por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, a Polícia Federal (PF) deflagrou no dia 24 de março a Operação Murder Inc., que prendeu de forma preventiva Chiquinho Brazão, o irmão dele Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), e o ex-chefe de Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa. Os três são suspeitos de serem os autores intelectuais da morte da vereadora.
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O relatório da PF, divulgado no dia da operação, mostrou que os irmãos Brazão mandaram matar a vereadora por interesses relacionados à grilagem e à atuação de milícias na região. Em sessão da CCJ realizada no último dia 26, Chiquinho negou envolvimento no crime e disse que tinha boa relação com Marielle quando os dois eram vereadores na Câmara Municipal do Rio. “Tivemos um ótimo relacionamento onde ela defendia áreas de seu interesse e eu também defendia os meus”, afirmou.
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