Seguidora do “guru” ideológico do clã Bolsonaro Olavo de Carvalho, a juíza da Vara Criminal e da Infância e Juventude de Unaí (MG), Ludmila Lins Grillo, já viu suas redes sociais serem derrubadas em meio a investigações do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre seu envolvimento com o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos. Agora, apuração feita pela Corregedoria Nacional de Justiça, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), apontou para “reiterada negligência” da magistrada no “cumprimento” de suas funções.
Em setembro, durante correição no gabinete de Ludmila, juízes e um desembargador a serviço do CNJ descobriram que ela não comparecia à vara. Em conversa informal, registrada no relatório da diligência obtido pelo Estadão, ela admitiu que não tinha autorização para teletrabalho e justificou que preferiu ficar em casa por questão de segurança. Disse ter sido perseguida por um fã que respondeu a ação criminal.
A investigação ainda apontou para um elevado número de processos à espera de decisões há mais de cem dias – o que incluíam ações mais urgentes, como aquelas em que investigados estão privados de liberdade. Nos processos criminais, constataram-se a baixa produtividade e o grande número de processos com medidas cautelares, como prisões e quebras de sigilo, pendentes de análise, “obstaculizando o andamento da ação penal”.
Disciplina
A situação, segundo o desembargador Carlos Adamek, secretário-geral do CNJ, revela “verdadeiro desperdício de tempo, esforços e recursos por parte da magistrada e dos servidores da vara, que realizam trabalho meramente formal e sem qualquer efetividade e relevo social”. Em relatório, ele recomenda a abertura de um processo disciplinar contra a juíza.
Ludmilla foi alvo de duas advertências em razão de manifestações nas redes sociais. Em uma delas, a mais famosa, em meio à pandemia, instruiu seguidores a como driblar o uso de máscaras em locais fechados e usou a hashtag “AglomeraBrasil”. Ela também é investigada em um inquérito no Supremo, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes. Na internet, Ludmila dá um curso chamado “Direito e a Guerra Cultural”. O Estadão não localizou a magistrada.
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