Em tom de candidato, Lula se diz 'livre da Lava Jato' e afirma: 'Não tenham medo de mim'

Petista atacou Bolsonaro e mandou recados ao setor privado em primeira fala após anulação de condenações que o tornaram elegível na disputa presidencial de 2022

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Foto do author Matheus Lara

Apto a disputar as eleições de 2022 após ter suas condenações anuladas pela Justiça, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez de seu primeiro pronunciamento nesta quarta, 10, um recado ao "mercado", à classe política e ao ex-juiz Sérgio Moro. Ao longo de duas horas, o petista afirmou que está "livre da Operação Lava Jato" e que vai procurar políticos  não só da esquerda, mas também do centro, em busca de uma "solução" para a atual crise. Com o cuidado de não se declarar candidato, apesar do discurso de campanha, Lula disse que deve conversar com empresários e ressaltou que, quando presidente, ganhou a fama de conciliador. Durante a fala, ainda fez um apelo: "Não tenham medo de mim". 

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Repetindo a estratégia de 2002, quando se elegeu presidente pela primeira vez apoiado por parte do mercado atraída pelo vice, o empresário José Alencar, Lula afirmou que é considerado "radical" porque vai até as "raízes dos problemas do País". Mas ressaltou que, durante os oito anos em que esteve na Presidência, a economia cresceu e o País gerou empregos. Lula não fez referências à recessão que o País enfrentou a partir de 2014, no governo de sua sucessora, Dilma Rousseff.

"Por que o mercado tem medo de mim? Esse mercado já conviveu com o PT oito anos comigo e mais seis com a Dilma Rousseff. Qual é a lógica? Eu não entendo esse medo, eu era chamado de conciliador quando presidia. Quantas reuniões fazia com os empresários? Dizia: 'O que vocês querem? Então, vamos construir juntos", afirmou.

Alternando falas mais calmas com ataques ao presidente Jair Bolsonaro e seus ministros, Lula criticou a condução do governo federal desde o início da pandemia de covid-19 e disse que agora é momento de reunir forças por vacinas e auxílio emergencial.  O petista deixou claro, porém, que entre suas prioridades está a insistência para que o Supremo Tribunal Federal reconheça a suspeição de Moro nos processos que o envolvem.

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O plenário do STF ainda deve analisar a decisão de FachinA Justiça do Distrito Federal decidirá se aceita ou não as denúncias. Lula ainda é réu em outras seis ações penais, que tiveram origem em outras investigações

O ex-presidente Lula (PT) em entrevista coletiva em São Bernardo do Campo Foto: Werther Santana/Estadão

A fala aconteceu na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. Na segunda, 8, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, declarou a incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba para julgar quatro ações relativas ao ex-presidenteanulando todas as decisões de Moro nos respectivos processos, devolvendo a Lula seus direitos políticos e o tornando apto a disputar eleições. A decisão atende, quatro anos depois, as alegações da defesa do ex-presidente, que sempre argumentou não ser de competência da 13ª Vara Federal julgar os casos, já que os mesmos não têm relação direta com a Petrobrás – alvo inicial da Lava Jato.

Lula agradeceu Fachin pela decisão, mas lamentou que ela tenha sido tomada só agora. "Não sei porque a Corte só decidiu agora, entramos com recurso em 2016. Mas passou por todas as instâncias do Poder Judiciário, que tem sua morosidade. O meu tempo não era o tempo deles", lamentou. Em função da condenação em 2ª instância em 2018 pelo caso do triplex de Guarujá, Lula não pôde disputar ser candidato à Presidência. Ele foi preso em abril daquele ano.

Sobre Moro, o petista disse que não vai descansar enquanto o ex-juiz não for considerado suspeito. "Nós vamos continuar brigando para que o Moro seja considerado suspeito porque ele não tem o direito de ser o maior mentiroso da história do Brasil e ainda ser considerado herói. Deus de barro não dura muito tempo", afirmou.

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O julgamento da suspeição de Moro está empatado em 2 a 2 na Segunda Turma do STF. O ministro Kassio Nunes Marques pediu mais tempo para declarar seu voto e adiou o desfecho do caso. 

Questionado se será candidato nas próximas eleições, Lula afirmou: “Eu seria pequeno se estivesse pensando em 2022 nesse instante”. Ele deixou em aberto, ainda, a possibilidade de uma candidatura própria do PT ou uma frente ampla com outras legendas de esquerda e de centro, e disse que o partido deve, agora, “percorrer o País” e ouvir a população, o que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, candidato do PT derrotado por Bolsonaro após Lula ser impedido de disputar a eleição de 2018, já estaria fazendo. Ele disse estar convencido da possibilidade de alianças. 

2022

Lula disse não aceitar se colocar como candidato para 2022 agora nem dizer se o PT vai encabeçar uma chapa ou não. Mas não descarta aliança com partidos de centro. "Quando eu fui candidato em 2002 tive como vice o companheiro Zé Alencar, que era do MDB, depois PL. Foi a primeira vez que se fez uma aliança entre o capital e trabalho e, sinceramente, acho que foi o momento mais promissor da história do País. Temos de esperar chegar o momento, escolher quem vai ser o candidato, é aí que se vai decidir se será possível uma candidatura única e se podem ser feitas alianças só na esquerda. Eu duvido que esse País consiga repetir um vice da qualidade do Zé Alencar. Eu acho que tem momento pra tudo. A gente não pode ficar respondendo à insistência sobre candidatura agora. O que precisamos é andar. O Haddad pode fazer isso nas universidades. E depois a gente discute o resultado do que fomos capazes de produzir." No discurso, por outro lado, Lula chegou a fazer promessas de geração de emprego e de garantia de investimentos públicos para gerar crescimento econômico, em um tom de discurso eleitoral que ignorou o quadro fiscal do governo federal neste momento de pandemia. 

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Polarização

Questionado sobre polarização política que seu retorno traria ao País, na visão de uma série de analistas, Lula disse que o PT polariza disputas desde 1989. "Significa que o PT é muito grande. Não pode ter medo de polarizar, tem que ter medo é de ficar esquecido. Gosto de eleição em dois turnos justamente para construir as alianças e reunir o País. A polarização é importante, o que não pode é cometer erros, como o do PSDB em 2014, em não querer aceitar o resultado. Deu no que deu, no Bolsonaro. Se o adversário vai ser Bolsonaro, não sei. Ele tem uns 20% de milicianistas, vamos ver."

Frente ampla e disputa eleitoral

Lula foi crítico à criação de uma "frente ampla" reunindo partidos do centro e da esquerda contra o presidente Bolsonaro. "Uma frente de esquerda é mais fácil construir para produzir um programa de luta contra o que está acontecendo com a direita, mas esse programa pode envolver setores conservadores. Se colocar na frente a questão eleitoral, se trunca qualquer negociação. Vejo muita gente falar sobre 'frente ampla', mas o que se fala agora é frente de esquerda. Ela será ampla se conseguirmos conversar com outras forças políticas. É possível, é. Nos Estados brasileiros, temos vários governadores eleitos em aliança ampla. Veja o Flávio Dino (do PCdoB do Maranhão), o Rui Costa (do PT baiano). Quando chegar a época da eleição, as coisas vão acontecer, não estou preocupado com isso agora. Só o Ciro (Gomes, dp PDT) está preocupado e ele quer agradar quem?"

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Ao citar o ex-ministro Ciro Gomes, Lula fez duras críticas em respostas a comentários do pedetista sobre ele: "O Ciro Gomes não pode mais falar as meninices que ele achava engraçado quando era jovem. Se ele continuar com essas grosserias, o fim dele vai ser sem apoio da esquerda, sem confiança da direita e com menos votos do que as eleições que participou até agora."

Lula respondeu a um comentário do apresentador Luciano Huck (sem partido), também cotado para 2022, que afirmou, após a decisão de Fachin, que "figurinha repetida não completa álbum". "Huck tá falando de figurinha? Mas ele não conhece figurinha, porque figurinha repetida carimbada vale pelo álbum inteiro."

Lava Jato e futuro

O ex-presidente afirmou que a Lava Jato "desapareceu" de sua vida, embora a decisão de Fachin que anulou suas condenações ainda possa ser objeto de recurso por parte da Procuradoria-Geral da República e analisada pelo plenário do STF. "Não espero que as pessoas que me acusavam parem de me acusar. Estou satisfeito que tenha sido reconhecido aquilo que meus advogados vem dizendo há tanto tempo. Tivemos 100% de êxito na decisão do Fachin. Por que ele não fez isso antes? Eu sei que é constrangedor muita gente que me acusou parar de me acusar. Quando você envereda no caminho da mentira é difícil voltar atrás. Mas a verdade venceu e vai continuar vencendo. Eu agora quero dedicar o resto de vida que me sobra para voltar a andar por esse País para conversar com esse povo."

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Apesar da fala, a decisão de Fachin não analisou se Lula havia ou não cometido os crimes que resultaram em suas condenações. O que o ministro decidiu foi que Moro não era competente (não tinha a atribuição legal) de julgar o ex-presidente em Curitiba, uma vez que os crimes atribuídos pelo Ministério Público a ele teriam sido cometidos em Brasília, que ainda pode reavaliar esses casos. As três ações da Lava Jato contra Lula – os casos do tríplex, do Sítio de Atibaia e da venda de imóveis e terreno para o Instituto Lula – ainda estão em andamento, apesar das condenações terem sido anuladas. Os processos serão enviados para a Justiça do Distrito Federal. Especialistas citam o risco de prescrição das acusações, o que ainda não ocorreu.

Petrobrás

Para Lula, a Lava Jato causou prejuízos à Petrobrás, que citou um estudo feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a pedido da Central Única dos Trabalhadores (CUT), sobre esse tema. “Por conta da operação Lava Jato, o Brasil deixou de ter investimentos de R$ 172 bilhões.”O argumento do ex-presidente era que a operação poderia ter feito prisões sem atingir as empresas geradoras de emprego. “A destruição que ela fez na corrente geradora de empregos no País gerou 4 milhões de pessoas no desemprego”, afirmou. Ele ainda disse que o Brasil, em seu governo, “tinha um projeto de nação” e que, na época, era a sexta economia do mundo. “Vocês nunca ouviram da minha boca falar em privatização”, disse Lula.

O petista citou o ministro da Fazenda, Paulo Guedes, para falar sobre privatizações e crescimento econômico. "Você já viu o Guedes falar uma palavra de desenvolvimento econômico e distribuição de renda? O que vai fazer nossa dívida diminuir em relação ao PIB é o investimento público. Se o Estado não confia na sua política e não investe, por que o empresário vai acreditar e investir?" Lula afirmou que quando era presidente, em 2008, a indústria automobilística vendia 4 milhões de carros por ano. "Hoje, é a metade e porque não tem demanda, não tem emprego."

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Congresso 

Lula disse que gostaria de ter um Congresso composto por pessoas “de esquerda, gente progressista", mas que, uma vez que “o povo elegeu quem quis”, ao citar representantes de outras correntes ideológicas e deputados bolsonaristas, disse que iria “dialogar com todos”. Ele disse que irá procurar empresários e que quer convencê-los de que o crescimento passa por garantir emprego e renda para os mais pobres. “Não tenham medo de mim. Eu sou radical porque quero ir até as raízes dos problemas do País.”

Mercado

O ex-presidente buscou fazer uma separação entre o "mercado produtivo" e o mercado financeiro, acentuando críticaso ao segundo. "Por que o mercado tem medo de mim? Esse mercado já conviveu com o PT oito anos comigo e mais seis com a Dilma. Qual é a lógica? Eu sou contra a autonomia do Banco Central. É isso? Para quem interessa a autonomia do Banco Central? Não é o trabalhador, é o sistema financeiro,. Se ele quer dinheiro, tem que gostar de mim. Quer ver o povo consumir, tem que gostar de mim. Agora, se o mercado quiser ver, às minhas custas, a entrega da soberania nacional, então tenha mesmo medo de mim. Eu não vou privatizar. Eu não entendo esse medo, eu era chamado de conciliador quando presidia. Quantas reuniões fazia com os empresários? Dizia: ''O que vocês querem?' Então, vamos construir juntos."

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Prisão

O petista disse não estar ‘bravo” nem “magoado” com sua prisão. “Sei de que fui vítima da maior mentira jurídica contada em 500 anos de história. Sei que minha mulher Marisa morreu por causa da pressão” que, segundo o presidente, teria desencadeado o acidente vascular cerebral em Marisa Letícia. Ele citou o fato de ter sido proibido de acompanhar o enterro de seu irmão durante o cárcere. “Se tem brasileiro que tem razão de ter muitas e muitas mágoas, sou eu. Mas não estou". 

O ex-presidente havia sido condenado eem segunda instância em dois processos, referentes ao tríplex de Guarujá e ao Sítio de Atibaia e foi preso seguindo o entendimento do STF sobre prisões em segunda instância vigente até 2019. Além desses casos, quue ainda podem ser avalidos pela Justiça Federal do Distrito Federal, ele segue como réu em outras seis ações penais, referentes a outras investigações. 

Lula disse que a dor que sente "não é nada" diante da dor que sofrem milhões e milhões de pessoas. "Quase 270 mil pessoas que viram seus entes queridos morrer e sequer puderam se despedir dessa gente na hora sagrada", diz. "Quero prestar minha solidariedade às vítimas do coronavírus. E aos heróis e heroínas do SUS."

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Bolsonaro

Lula criticou diretamente Bolsonaro ao dizer que "nem capitão ele era" quando participava do Exército. "Ele foi promovido porque se aposentou e se aposentou porque queria explodir um quartel. Daí, passou de tenente a capitão. Depois disso, nunca mais fez nada na vida. Passou 32 anos como deputado e conseguiu passar para a sociedade que ele não era político. Vocês imaginam o poder do fanatismo? Através de fake news, o mundo elegeu um Trump, elegeu um Bolsonaro." 

O ex-presidente também fez trê citações a medidas do atual mandatário que afrouxaram as regras para possuir armas no País, com críticas de que a população precisaria de vacinas, não armas. “Quem está precisando de armas é nossas forças armadas. É a polícia, que muitas vezes sai com um 38 enferrujado. Não seria, segundo Lula, “fazendeiros para matar sem terras” nem “milicianos” que matariam jovens.

O ex-presidente disse que vai se vacinar contra a covid-19 e que fará propaganda para que a população se vacine. "Não siga nenhuma decisão imbecil do presidente da República ou do ministro da Saúde. Tome vacina", disse Lula. Ele ressaltou o papel de todos os governadores em sua luta por vacinas. Lula classificou como "titânica" a luta que eles travam atualmente "contra um governo incompetente que não respeita à vida".

Para Lula, Bolsonaro deveria ter criado, em março do ano passado, um comitê de crise envolvendo gestores, autoridades da saúde e cientistas, para lidar com a pandemia. “A própria Pfizer tentou oferecer vacinas e a gente não quis”, afirmou Lula, ao lembrar de falas do Bolsonaro sobre a pandemia que foram criticadas por especialistas em saúde.

Militares

Lula foi perguntado sobre uma declaração do presidente do Clube Militar, general de divisão Eduardo José Barbosa, que classificou a decisão de Fachin como uma"vitória do banditismo". Também falou sobre um tweet do general Eduardo Villas Bôas de 2018. O Supremo discutia a possibilidade de um habeas corpus que poderia evitar a prisão do ex-presidente quando o militar usou as redes sociais para criticar a discussão na Corte. 

"Eu não posso levar a sério uma carta do clube militar", disse Lula. "Fiquei preocupado com a carta do Villas Bôas e não é correto um presidente das Forças Armadas fazer o que ele fez. Se eu fosse presidente, ele teria sido exonerado na hora. Ele não está lá para decidir quem vai ser presidente ou não. É a sociedade através do voto. Fiquei oito anos na presidência e nunca tive um problema com os militares, eu investi como ninguém, aliás, nas Forças Armadas. Antes, o avião da Presidência era chamado de "sucatão". Forças Armadas servem para cuidar da soberania do País, não para se meter na saúde. Tenho profundo respeito pela instituição. O fato de ter um ou outro que desande, é preciso punir. Vilas Bôas errou e Fachin errou ao demorar três anos para comentar o que ele fez."

Agradecimentos

Lula fez uma série de agradecimentos a personalidades internacionais, como o presidente da Argentina, Alberto Fernández, que o visitou enquanto disputava a eleição, e também ao papa Francisco, que lhe enviou uma carta quando estava na prisão e depois o recebeu no Vaticano. Agradeceu ainda políticos, artistas, filósofos, às pessoas que fizeram a vigília em Curitiba durante sua prisão e outras personalidades que se manifestaram a favor do ex-presidente durante seu período de cárcere e os processos. Lula também agradeceu ao perito que está investigando as mensagens hackeadas dos celulares dos procuradores da força-tarefa da Lava Jato. "Acho muito engraçado porque o Moro diz que não reconhece a veracidade das mensagens. Os procuradores, também, mesmo a Suprema Corte tendo validado tudo e autorizado a divulgação."

Lideranças que apoiaram Lula e também vinham tendo pretensões eleitorais para 2022, como o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) e o ex-candidato à Prefeitura da cidade e à Presidência Guilherme Boulos (PSOL) estavam presentes, além da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, do ex-prefeito de São Bernardo Luiz Marinho (PT) e dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. 

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