O secretário nacional de Comunicação do PT, deputado Jilmar Tatto (SP), avalia que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é formado por “ilhas separadas que não se conectam” e precisa fazer ajustes para falar a “mesma linguagem”. O PT comanda dez dos 39 ministérios e concorda com a necessidade de uma reforma na Esplanada, mas ainda não foi comunicado sobre quais serão as trocas na equipe de Lula.
“A nosso ver, falta uma coordenação de governo do ponto de vista não só da comunicação. A comunicação é um elemento importante, mas não é só a comunicação. O governo precisa, em todas as áreas, falar a mesma linguagem. E isso, às vezes, não está acontecendo. Dá a impressão de que são ilhas separadas e que não se conectam”, disse Tatto, em entrevista ao programa Papo com Editor, do Broadcast/Estadão.
Para o secretário, as entregas feitas nesse terceiro mandato de Lula não estão surtindo efeito na avaliação do governo e isso cabe, em parte, à comunicação. Tatto destacou, no entanto, que ministérios, bancos e empresas estatais – como Petrobras, Banco do Brasil, Caixa, BNDES e Correios – também têm essa responsabilidade.
“Às vezes, você tem ministro que faz entrega e nem o presidente fica sabendo. Ou, às vezes, ele nem cita o nome do governo Lula”, observou o deputado. “Por isso, quando eu falo em uma ilha, isso tem que acabar. Tem que ter um comando único.”
Tatto evitou nomear os responsáveis pela falha apontada na coordenação, mas, ao ser perguntado, destacou a importância da Casa Civil. “É ela que toca a máquina do governo”, disse. “(O que falta) é ter uma linguagem única, uma operação de governo única, que envolve comunicação, a parte política, a Casa Civil e ministérios que tenham visibilidade.”
Diante desse quadro, o deputado reiterou a expectativa de um “freio de arrumação” na Esplanada, no início de 2025. “(É necessário) você trocar as peças, você colocar sangue novo. Acho que tudo isso é importante”, afirmou.
Um dos nomes que devem ser substituídos é o do ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, filiado ao PT. Para o lugar de Pimenta, o mais cotado é o publicitário Sidônio Palmeira, marqueteiro da campanha de Lula em 2022. Tatto elogiou Sidônio.
Ao discursar no encerramento de um seminário promovido pelo PT e pela Fundação Perseu Abramo, no início deste mês, Lula também pediu que o partido defendesse mais sua gestão. O secretário de Comunicação do PT disse que a sigla sempre divulga as ações do governo. Argumentou, porém, que o alcance dessa divulgação é limitado. “A gente não tem esses recursos (que o governo federal tem), esse potencial para fazer”, declarou Tatto.
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