Nos bastidores da sabatina de Flávio Dino, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (STF) ao Supremo Tribunal Federal (STF), parlamentares aliados do ministro da Justiça são unânimes: frustrou-se quem esperava uma sessão tensa, marcada por embates entre governistas e a oposição. À Coluna, um deputado próximo a Dino recorreu a uma expressão popular para sintetizar a postura da oposição na sabatina, apesar das promessas estridentes: a montanha pariu um rato. Para ele, os bolsonaristas muito prometeram, mas a sabatina está morna e não deve esquentar.
A avaliação positiva é compartilhada pela senadora Ana Paula Lobato (PSB-MA), que é a suplente de Dino e assumirá a vaga definitivamente, se o ministro for aprovado pelo Senado ao STF. Nesse caso, o indicado de Lula deverá renunciar ao mandato de senador.
“A sabatina está tranquila. Estamos vendo o Flávio Dino jurista”, declarou Ana Paula à Coluna. “A postura de jurista não comporta embates”, acrescentou, bastante otimista para a votação em plenário. Quando esteve no Congresso enquanto ministro da Justiça, o postulante ao STF adotou uma postura combativa com a oposição, dizendo, inclusive, que faria parte do grupo de personagens super-heróis Vingadores.
Para o senador Alessandro Vieira (MDB-SE), a oposição mostrou-se frágil nesta sabatina.
O líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ), por sua vez, negou qualquer recuo da oposição. “O que ocorre em toda sabatina é o respeito natural que deve haver com qualquer candidato”, afirmou à Coluna. O parlamentar duvida que Dino vá manter, no Supremo, a serena roupa de juiz apresentada na sabatina, sem o tom político que utilizou em outros momentos. “É a mesma pessoa. Só que no STF”.
Dino é sabatinado por senadores, nesta quarta-feira, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) ao lado do indicado do presidente Lula à Procuradoria-Geral da República (PGR), Paulo Gonet. O alvo preferencial da oposição, no entanto, sempre foi Dino. Se aprovadas pela CCJ, as indicações irão à votação no plenário do Senado.
Para Wellington Dias (PT-PI), a sabatina ocorre “dentro da normalidade”. “Diria que até com bastante serenidade, na medida que o tempo foi passando. O que mostra que as resposta dos sabatinados, em certa medida, ganha a confiança”, disse o senador à Coluna. Dias é ministro do Desenvolvimento Social, se afastou do cargo temporariamente e retomou a cadeira no Senado apenas para votar em Dino e Gonet.
A expectativa é que o petista, assim como os senadores-ministros Carlos Fávaro (Agricultura), Renan Filho (Transportes) e Camilo Santana (Educação), sejam novamente nomeados para a Esplanada até sexta-feira.
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