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Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia. Com Eduardo Barretto e Iander Porcella

Aécio reaparece de barba e é ovacionado no PSDB: ‘Vamos voltar’

De visual novo, deputado e ex-presidenciável é tratado como estrela em evento do partido após ser absolvido pela Justiça

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Foto do author Eduardo Gayer
Atualização:

Depois de perder expressão no cenário político nacional e no PSDB, o ex-presidenciável e deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) se reergueu dentro do seu partido - e foi reerguido por ele. No evento “Diálogos Tucanos”, promovido nesta quinta-feira em Brasília para discutir a renovação da sigla, foi ovacionado pelos presentes: “Aécio! Aécio!”. Tietado por filiados, Aécio - de visual novo, com barba - subiu ao palco a convite do presidente do PSDB, o governador gaúcho Eduardo Leite, e mostrou confiança de que a legenda voltará a ter protagonismo nacional.

Leite fez um desgravo ao deputado e fez dele o destaque de sua fala inicial. Destacou que o Tribunal Regional Federal da 3ª Região absolveu Aécio da acusação de recebimento de propina de R$ 2 milhões do empresário Joesley Batista, da J&F - justamente o episódio que levou o tucano, candidato à Presidência da República em 2014, ao ocaso político.

Aécio Neves tietado em evento do PSDB Foto: Eduardo Gayer/Estadão

“Infelizmente, a Justiça do Brasil é lenta e foram 6 anos até aqui. A Justiça demorou, mas antes tarde do que nunca. A Justiça revelou que as denúncias foram infundadas. Por isso, podes seguir agora, Aécio, com tua biografia e com a Justiça ao teu lado”, afirmou Eduardo Leite, sob aplausos de tucanos. Estava na plateia o estudante Tomás Covas, filho de Bruno Covas, que foi prefeito de São Paulo e morreu no cargo em 2021.

Aécio esperava o desagravo do PSDB, e conseguiu

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Ex-governador de Minas Gerais, ex-senador e principal adversário da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2014, Aécio Neves disse nunca ter duvido de que esse dia chegaria. “Faltava apenas pincelada, que você, Eduardo, acaba de dar: o desagravo do meu partido, o PSDB. Porque eu acredito que vamos voltar a ser protagonista da vida pública brasileira, porque temos essa responsabilidade”, destacou o deputado.

Aécio disse ter sido vítima de ataques, mas que olha para frente. “Havia objetivo, naquela época, de tirar do jogo político aquele que poderia ser alternativa. Eu olho para frente”, afirmou. “Temos todas as condições de percorrer essa larga avenida ao centro, sendo oposição àquilo que está aí sem nos confundirmos com aquilo que estava aí até pouco tempo”, acrescentou.

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A fala é um resgate do discurso de “terceira via” empunhado pelo PSDB nas últimas eleições, quando apoiou a hoje ministra do Planejamento do governo Lula, Simone Tebet (MDB), na disputa pela Presidência da República.

Ao longo dos “Diálogos Tucanos”, Aécio sentou-se na principal fileira do partido. Estava próximo a Eduardo Leite, ao presidente da federação PSDB-Cidadania, Bruno Araújo, e ao ex-senador Tasso Jereissati (CE). Na mesma fileira, o ex-governador Reinaldo Azambuja (MS). “Foi nem um reerguimento. Foi fazer justiça a Aécio, que ficou seis anos sangrando”, afirmou à Coluna.

O deputado federal Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) diz que a população pede “Aécio de volta”, em referência ao governo de Minas Gerais, hoje nas mãos de Romeu Zema (Novo). “Hoje temos quem fale em divisão com o Nordeste”, afirmou o parlamentar, em referência à declaração de Zema ao Estadão sobre criar uma frente Sul e Sudeste para fazer frente ao Nordeste.

PSDB relança marca e resgata tucano para retomar origens

Para tentar retomar o protagonismo, o PSDB relançou hoje sua marca com o símbolo do tucano. Também divulgou uma “carta síntese” com pilares da sigla, como uma postura “não intervencionista na economia” e em defesa de reformas. “O PSDB do futuro está no resgate da nossa origem”, disse Eduardo Leite.

O vídeo institucional divulgado aos filiados diz que não é preciso um novo PSDB, mas um PSDB renovado. “Não existe mais novo e moderno em 2023 do que o PSDB que nasceu em 1988″.

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O PSDB governou o país no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), e disputou o segundo turno das eleições presidenciais de 2002, 2006, 2010 e 2014 como grande oposição ao PT. Perdeu relevância com a sangria de Aécio Neves a partir de então, e amargou em quatro lugar nas eleições presidenciais de 2018 com Geraldo Alckmin, que hoje é do PSB e vice-presidente da República em aliança com o antes rival Lula.

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