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Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia. Com Eduardo Barretto e Iander Porcella

Ano termina com mais um impasse sobre emendas parlamentares e conflito entre Dino e AGU

Parecer da Advocacia-Geral da União orientando que ministérios não liberassem os recursos foi precedido por divergências com ministro do Supremo Tribunal Federal

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Foto do author Vera Rosa

O ano de 2024 termina com mais uma polêmica que promete causar novo desgaste na relação do Palácio do Planalto com o Congresso. Nos bastidores, a produção do parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) que orientou os ministérios a manter o bloqueio de R$ 4,2 bilhões em emendas parlamentares foi precedida por divergências com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino.

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A AGU entendia que, após Dino liberar parte dos recursos bloqueados por ele mesmo, era só dar andamento à execução das emendas de comissão que já tivessem sido empenhadas – termo usado para definir verba reservada – antes de 23 de dezembro. Mas a equipe do ministro do Supremo puxou de novo o freio de mão após conversa com advogados do governo Lula, na manhã desta segunda-feira, 30. As interpretações foram conflitantes.

Foi por isso que, em seu parecer, a AGU disse haver uma “dúvida razoável” sobre o alcance da decisão de Dino a respeito das emendas de comissão tratadas por líderes da Câmara e do Senado. Depois, entrou com petição pedindo esclarecimentos ao STF para dar respaldo jurídico aos ministérios.

Dino puxou freio de mão na liberação das emendas, agora atingindo Senado. Foto: Gustavo Moreno

O prazo para o empenho dos recursos do Orçamento de 2024 termina nesta terça-feira, 31, último dia do ano. O dinheiro que não for reservado para pagamento voltará para o Tesouro. O ministro do STF também segurou indicações apresentadas pelo Senado.

As emendas bilionárias são usadas por deputados e senadores para encaminhar dinheiro a obras e projetos que atendam seus redutos eleitorais. A pedido de Dino, a Polícia Federal abriu inquérito para investigar como está sendo a liberação desses recursos, uma vez que, no caso das emendas de comissão, por exemplo, não há a identificação de quem enviou e para onde foi a verba.

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Aliados do presidente Lula afirmam agora que o pano de fundo da divergência do STF com a AGU é um mal-estar entre Dino e o ministro Jorge Messias. Em novembro de 2023, Lula indicou Dino, então ministro da Justiça e Segurança Pública, para a vaga de Rosa Weber no Supremo. O PT queria emplacar Messias, que à época já comandava a Advocacia-Geral da União. Os dois ministros negam desavenças. “Somos amigos”, diz Messias.

Embora muito se comente que o Planalto combinou com Dino o bloqueio das emendas, não foi isso o que ocorreu. E o governo já está preocupado com as possíveis retaliações do Congresso a partir de fevereiro de 2025, quando termina o recesso parlamentar.

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