O tom cada vez mais enfático do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), sobre a relação com o governo Lula, embute o desejo pessoal de cada um deles a respeito dos passos que querem dar nos próximos anos, e provoca fraturas na sigla.
Após Lira dizer que o PP agora integrava a base de Lula, Ciro correu para lançar um documento com “cláusulas pétreas” da sigla que, na prática, pode dificultar o apoio a diversas votações de interesse do Executivo. O que tem por trás dos gestos, explicam interlocutores, são os projetos individuais. Um quer ser ministro da atual gestão e o outro, candidato a vice-presidente na chapa da oposição.
Arthur Lira sabe que após deixar a presidência da Câmara seu poder ficará esvaziado e se articula para uma eventual indicação ministerial. Pastas como Saúde e Agricultura estão no seu radar. Mas ele sabe que uma condição que se desenha para conseguir uma nomeação na Esplanada será fazer o seu sucessor no comando da Casa, cargo fundamental para garantir as pautas de interesse do governo.
Já Ciro tem os petistas como opositores no seu Estado, o Piauí. Além disso, embora tenha integrado o governo Dilma Rousseff, sempre deixou claro aos pares que se sente muito mais confortável no grupo da direita. Formar chapa na corrida presidencial compondo como vice é algo que aparece em seu horizonte politico. Para isso, sabe que a condição é manter o discurso mais oposicionista possível em relação à atual gestão.
A bancada do PP, especialmente na Câmara dos Deputados, está rachada. Embora o partido tenha o ministro do Esporte, André Fufuca (MA), ninguém dá garantia de quantos votos Lula terá. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, foi conversar com a bancada nesta quarta, como antecipou a Coluna.
Parecia um sinal de que os deputados estavam se distanciando de Ciro, porém, um articulador político da legenda observa que o líder da bancada é nome escolhido por Nogueira, trata-se do deputado Dr. Luizinho, que é do Rio de Janeiro, Estado de Jair Bolsonaro.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.