Tão logo foi confirmado o atentado com uma morte em Brasília, na quarta-feira, 13, servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) comentaram entre si que deveriam se preparar para cobranças públicas sobre falhas do serviço. Entretanto, para a surpresa de muitos, o órgão nem sequer foi lembrado no primeiro momento. O presidente Lula teve reunião com o diretor da Polícia Federal, Andrei Passos, e os ministros Gilmar Mendes, Cristiano Zanin e Alexandre de Morais, do Supremo Tribunal Federal (STF). A Abin não foi chamada.
Três horas após a explosão, a agência emitiu nota interna com resumo do que havia saído na imprensa e alertando para o risco de novas explosões. O texto, segundo agentes da Abin, só serviu para causar constrangimento. Afinal, a função da inteligência é se antecipar e não fazer clipping. E o problema foi maior. A agência também abriu novo mal-estar com a PF, ao concluir haver indícios de ser fato isolado.
Ao dizer que, por ora, não havia indícios de que Francisco Wanderley Luiz, conhecido como Tiü França, agiu com outras pessoas, a Abin provocou desconfiança no andar de cima da Polícia Federal. O diretor-geral da PF, Andrei Passos, por exemplo, avalia que o caso não é isolado, mas conectado com outras investigações. Procurado pela Coluna do Estadão para falar sobre o clima com a Abin, Andrei não respondeu. A Abin também não comentou as críticas.
A diretoria da União dos Profissionais de Inteligência da Abin (Intelis) diz que o episódio expõe “morte por hipotermia” da agência. O órgão não consegue se antecipar aos fatos por estar sucateado, com o menor orçamento em 14 anos e vacância de 80% do quadros. “Vão deixar esfriar até morrer de vez”, lamenta a cúpula.
A insatisfação com a falta de protagonismo da Abin junto ao desconforto com a PF, abre um processo de fritura do diretor-geral da agência, Luiz Fernando Correa. Procurada, a Abin não comentou a situação.
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