O governo Lula anunciou nesta quarta-feira, 29, R$ 6,4 bilhões de financiamentos do BNDES para obras em estradas do Paraná. A ausência do governador do Estado, Ratinho Júnior (PSD), no evento realizado no Palácio do Planalto causou mal-estar e ampliou a desconfiança de aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o PSD de Gilberto Kassab. Procurado pela Coluna do Estadão por meio de sua assessoria, o governador negou qualquer motivação política para faltar à cerimônia, alegou que foi convidado de última hora, pouco mais de 24h antes da agenda, e já tinha compromisso com as empresas Amazon e Audi.
“O governo estadual trabalha em conjunto com a União para acelerar os investimentos do maior pacote de concessões rodoviárias do país, que reúne estradas estaduais e federais em seis lotes. O modelo, que foi construído de maneira inovadora a pedido do Estado, tem sido usado pelo Ministério dos Transportes como forma de garantir maior disputa nos leilões nacionais”, disse Ratinho, em nota.
Governistas dizem, contudo, que o governador poderia ter enviado pelo menos um representante. Interlocutores de Lula reconhecem que o governador participou e ajudou no processo de liberação das verbas, mas consideram a ausência “simbólica” e “falta de educação”.
Após o evento, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), Aloizio Mercadante, comentou o assunto. “Às vezes é difícil para alguns governadores prisioneiros da polarização que não reconhecimento, mas o presidente Lula segue republicano e trabalhando com parceria”, disse.
Ratinho é um dos nomes cotados na direita para disputar a Presidência da República em 2026. Kassab já disse em mais de uma ocasião que, se o PSD tivesse candidato próprio ao Planalto, o nome do governador seria o nome escolhido.
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Em movimentos recentes, o dirigente partidário tem deixado claro que está com os “dois pés” no projeto político do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que à princípio será candidato à reeleição no Estado, mas pode ser o nome mais forte da direita se o ex-presidente Jair Bolsonaro continuar inelegível.
Aliados de Ratinho Júnior rechaçam os motivos para “climão” e citam agendas conjuntas entre Lula e Ratinho, como uma visita à fábrica da Renault, em agosto de 2024, e também destacam uma declaração do paranaense em evento no Estado nesta semana em que afirmou “o Brasil é maior que essa polarização”. Ainda dizem que esse episódio nada tem a ver com o movimento do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que faltou na semana passada a uma cerimônia no Planalto.
Como mostrou a Coluna do Estadão, a desconfiança com o PSD levou o governo até mesmo a tentar um novo “núcleo duro” na Câmara, com MDB, Republicanos e PP.