Um avião contratado pelo Ministério da Saúde e operado pela Voare Táxi Aéreo, empresa cujo dono foi preso pela Polícia Federal (PF) em setembro com dinheiro na cueca, teve um acidente e saiu da pista na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, na terça-feira, 17. O empresário Renildo Lima é marido da deputada federal Helena Lima (MDB-RR).
Ninguém se feriu. Só o piloto e o copiloto estavam a bordo da aeronave de prefixo PR-VDB, que transportava materiais de ferragem. O avião não conseguiu pousar corretamente no Aeródromo de Surucucu, em Alto Alegre (RR), dentro da Terra Indígena Yanomami.
Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que o piloto teve dificuldades de frear o avião por causa de forte chuva e pista molhada, além de uma “rajada de vento forte”. “Todos os órgãos competentes foram imediatamente informados”, completou a pasta.
A Voare declarou que o avião estava em “perfeitas condições de operação” e com documentos em dia. “O piloto também estava com habilitação e exame médico válidos”, afirmou a companhia, que diz atuar com independência da deputada Helena Lima.
“A Voare reforça seu compromisso com a segurança de suas operações e está cooperando plenamente com a Aeronáutica e a Agência Nacional de Aviação Civil para apurar as causas do acidente e tomar as medidas cabíveis”.
Este é o segundo acidente com aeronaves a serviço do governo federal na Terra Indígena Yanomami no mês. Como mostrou a Coluna do Estadão, no último dia 7 um helicóptero da empresa Flyone teve uma pane e fez um pouso forçado.
A Voare é controlada por Renildo Lima, marido da deputada Helena Lima (MDB-RR), eleita em 2022, e pela filha do casal Eduarda Lima. A parlamentar fundou e trabalhou na empresa.
Em pelo menos 15 anos de contratos públicos, a Voare bateu recordes de faturamento com o governo federal em 2023 e 2024, já com a deputada no mandato. Neste ano, a empresa assinou R$ 211,5 milhões em contratos com o Ministério da Saúde.
Em setembro, durante a campanha eleitoral municipal, Renildo Lima ficou um dia preso pela PF, depois de ser flagrado com R$ 500 mil em dinheiro vivo. Parte da quantia estava em sua cueca. Dois policiais militares também foram detidos por supostas compra de votos e associação criminosa. O grupo nega irregularidades.
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