De dentro do Congresso foi possível ouvir a explosão na Praça dos Três Poderes, em Brasília, na noite de quarta-feira, 13. O temor de atentado tomou conta de parte dos parlamentares, mas foram necessários 13 pedidos verbais para suspender a sessão da Câmara, até os trabalhos serem interrompidos. A resistência era uma tentativa da bancada evangélica de votar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que amplia a imunidade fiscal para igrejas.
A discussão entre parlamentares sobre a suspensão dos trabalhos da sessão presidida pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) se estendeu por 35 minutos. Sóstenes negou os pedidos de interrupção argumentando que seguia orientações da Polícia Legislativa, do chefe de segurança da Câmara e do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). Qualquer decisão, disse ele, seria tomada “estritamente” consultando previamente esses agentes.
A primeira a pedir a suspensão foi a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-RJ), que citou preocupações com a segurança no plenário. Outros parlamentares de esquerda, como Glauber Braga (PSOL-RJ), Erika Kokay (PT-DF), Rubens Pereira Júnior (PT-MA) e Duarte Jr. (PSB-MA), apoiaram a ideia.
“Temos bombas explodindo ao nosso redor. É o mesmo discurso de 8 de janeiro de 2023″, declarou Sâmia. Erika, por sua vez, mencionou um óbito noticiado pela imprensa, mas Sóstenes alertou que a informação ainda não estava confirmada: “Deixa a gente ter a informação precisa. Não precisamos especular”, respondeu.
Apenas três deputados do PL — Eli Borges (TO), Marcos Pollon (MS) e Cabo Gilberto Silva (PB) — defenderam a continuidade dos trabalhos. Pollon chamou-os de “demoníacos” por, segundo ele, tentarem atrasar a votação da PEC favorável às igrejas.
No fim, Sóstenes suspendeu a sessão às 20h45 com um minuto de silêncio proposto por ele.
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