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Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia. Com Eduardo Barretto e Iander Porcella

Bastidor: Lula inverte a lógica da escolha de ministros

O Centrão decide os nomes, aponta as vagas de interesse e o presidente tenta encaixar

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Foto do author Roseann Kennedy
Foto do author Eduardo Gayer
Atualização:

No afã de acomodar o Centrão no seu governo e ter mais votos garantidos no Congresso, o presidente Lula inverteu a lógica da composição ministerial. Em vez de procurar um candidato com perfil para a vaga a ser ocupada, agora Lula tem que achar o espaço para ministros que já foram escolhidos em seus partidos.

Os deputados André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) são os nomes indicados para a Esplanada a ser reformada e só aguardam a nomeação - embora ainda não saibam em quais Pastas serão alocados.

Presidente Lula, em 19/07/2023, durante coletiva de imprensa em Bruxelas, Bélgica.  Foto: François Walschaerts/ AFP

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Com algum trânsito entre petistas, Fufuca e Silvinho (como é chamado por Lula) foram escolhidos por integrantes das bancadas de seus partidos, o PP e o Republicanos, que estiveram na base do governo de Jair Bolsonaro.

O representante do Republicanos apoiou Lula nas eleições, embora o partido tenha feito parte do tripé da campanha de Bolsonaro. Já Fufuca foi o presidente interino do PP quando o senador Ciro Nogueira (PP-PI), um dos principais nomes da atual oposição, se licenciou para assumir a Casa Civil de Bolsonaro.

O deputado federal André Fufuca (PP-MA), que será ministro de Lula, com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.  Foto: Gil Ferreira

E os grupos políticos que vão entrar no governo já deixaram claro para Lula que não estão dispostos a aceitar qualquer cargo. Querem ministérios com visibilidade e orçamento para emendas, como uma forma de se aproximarem do eleitorado.

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Nesta semana, os dois estiveram com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Em tese para falar sobre “perspectivas legislativas para o segundo semestre”. Nos corredores da Câmara, e longe dos holofotes, a mensagem repassada entre interlocutores partidários, sem constrangimentos, é que o grau da adesão ao governo será proporcional à importância do ministério.

Lula reconhece a necessidade de acomodar o Centrão na Esplanada, para ter mais tranquilidade na relação com o Congresso e alcançar a tal governabilidade. Publicamente, diz que não tem pressa. Mas, na verdade, por enquanto não tem a solução para mexer no quebra-cabeça da reforma ministerial sem correr o risco de provocar estragos com outros aliados.

O deputado federal Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), futuro ministro de Lula, com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.  Foto: Gil Ferreira

A certeza é de que Lula terá de cortar na própria carne. Ou seja: em ministérios que hoje estão com PT, PSB e PCdoB, e alguns deles com mulheres. Mas ninguém, é claro, quer perder a cadeira e as pressões vêm de todos os lados.

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