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Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia. Com Eduardo Barretto e Iander Porcella

Bastidores: Sem proximidade com Janja, ministros buscam até Kalil para saber de Lula

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva está internado em São Paulo desde a segunda-feira, 9

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Internado em São Paulo desde a madrugada de segunda para terça-feira, 9 e 10, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está só com uma parte pequena de sua equipe na capital paulista. Alguns de seus assessores de mais confiança, como o chefe de gabinete Marco Aurélio Marcola, ficaram em Brasília. A primeira-dama, Janja Lula da Silva, tem controle quase total do que se passa no entorno do presidente enquanto ele se recupera dos dois procedimentos que fez para tratar um sangramento intracraniano.

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A maior parte dos ministros não tem proximidade com Janja. Isso faz com que eles busquem informações inclusive com pessoas que não estão acompanhando diretamente o presidente ou que não fazem parte do governo. A Coluna do Estadão/Broadcast Político apurou que os ministros que querem saber da saúde do chefe têm procurado, principalmente:

- Marco Aurélio Marcola – o chefe de gabinete de Lula ficou em Brasília, mas costuma estar informado de tudo o que se passa com ele no hospital Sírio Libanês;

- Valmir Moraes – o chefe da ajudância de ordens, militar que foi segurança de Lula em seu primeiro governo e continuou com o petista no período fora do Planalto, é uma espécie de sombra do presidente da República e está em São Paulo;

- Roberto Kalil Filho – o médico cardiologista, que cuida da saúde de Lula há anos, é conhecido por inúmeros políticos.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o neurocirurgião Marcos Stavale caminhando pelos corredores do Hospital Sírio Libanês Foto: @lulaoficial via Instagram

Moraes e, principalmente, Marcola, em tempos normais, são os principais meios que políticos têm para se comunicar com Lula. Como o presidente da República não tem celular, o jeito mais fácil de encontrá-lo é ligar para um desses dois auxiliares. Em situações de cuidado médico, como a atual, a única ponte passa a ser Janja.

O caso repete um episódio de 2023. No fim de setembro do ano passado, o presidente passou por uma cirurgia no quadril e precisou ficar três semanas se recuperando no Palácio da Alvorada, residência oficial da presidência da República. Na época, a primeira-dama foi uma das únicas ligações do petista com o mundo exterior.

Foi por meio do celular de Janja que, nos últimos dias, o presidente da República teve os únicos contatos conhecidos com pessoas de seu governo. Ele falou com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e com o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin. Lula recebeu visitas dos filhos e netos e do presidente da Fundação Perseu Abramo, Paulo Okamotto, um de seus amigos mais próximos. Além desses e de Janja, apenas os médicos têm tido contato pessoal com o presidente da República.

A presença de Janja passou a ser notada mais claramente por aliados de Lula nos meses anteriores à eleição de 2022. Vários ficam incomodados com a influência da primeira-dama, mas mesmo esses admitem que ela deixa o presidente mais animado para tocar as atividades do dia a dia.

Integrantes importantes do governo, como os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Luiz Marinho (Trabalho), esse último amigo de Lula há décadas, até o momento não falaram com o presidente. Haddad e Padilha estavam no último compromisso político de Lula antes de ser hospitalizado, uma reunião com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para tentar reduzir a animosidade do Legislativo contra o governo e aprovar as medidas de ajuste fiscal.

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Outro ministro que ainda não conversou com Lula foi o da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta. Responsável pela comunicação do governo, o ministro deve ser trocado na Esplanada. O principal nome para substituí-lo é o de Sidônio Palmeira, que foi marqueteiro da campanha presidencial do chefe do Executivo em 2022.

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Lula deixou a UTI nesta sexta-feira, 13, e passou para o tratamento semi-intensivo. Nesta tarde, ele publicou um vídeo nas redes sociais em que caminha pelo hospital e disse que em breve estará pronto para voltar ao trabalho. A equipe médica deu duas entrevistas a jornalistas nos últimos dias para explicar o quadro do petista, e Kalil já falou sobre o assunto em outros ambientes – como a recepção do hospital, ao ser abordado por repórteres na saída.

A centralização das primeiras informações nos médicos também teria tido a influência de Janja, segundo apurou a reportagem. Os principais responsáveis pelas estratégias de comunicação de Lula não estão em São Paulo. O integrante da Secretaria de Comunicação Social com mais alto cargo que acompanhou o presidente até a capital paulista é Ricardo Stuckert, secretário de Produção e Divulgação Audiovisual e fotógrafo do presidente desde seu primeiro governo.

Outra integrante da equipe de Lula que o acompanha no Sírio Libanês é a médica da Presidência da República, Ana Helena Germoglio. Ela coordena junto com Kalil a equipe que está tratando o petista. A expectativa é que Lula volte para Brasília na semana que vem. Ele provavelmente precisará passar ao menos alguns dias em recuperação no Palácio da Alvorada antes de retomar a rotina normal de trabalho e viagens.

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