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Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia. Com Eduardo Barretto e Iander Porcella

Bastidores: União Brasil transforma festa em ato de defesa de Caiado para o Planalto após condenação

Um influente político do partido chegou a dizer ao governador, em tom de brincadeira, que a condenação dele poderia ser equivalente ao impulso que Jair Bolsonaro ganhou na eleição de 2022 com a facada

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Foto do author Iander Porcella

A festa de fim de ano do União Brasil na noite desta quarta-feira, 11, virou uma espécie de ato de defesa da candidatura do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, ao Palácio do Planalto em 2026, no mesmo dia em que ele foi condenado por uma juíza a oito anos de inelegibilidade. A decisão monocrática em primeira instância, à qual ainda cabe recurso, foi chamada por correligionários de Caiado de “loucura”.

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Durante o jantar, realizado em um restaurante em Brasília à beira do Lago Paranoá, o governador garantiu que se lançará à Presidência da República em março de 2025, em Salvador (BA). Ele disse que pretende rodar o País no ano que vem em campanha e afirmou que seu vice no governo, Daniel Vilela, já está preparado para assumir o comando do Estado enquanto ele se dedica ao projeto presidencial.

Ao som da dupla sertaneja Enzo e Rafael, os convidados da festa puderam degustar um cardápio que incluía risoto de tomate seco, camarão, salmão e uma variedade de salames. Para beber, era oferecido cerveja, uísque, espumante Garibaldi Vero Brut e vinho chileno Perez Cruz Gran Reserva Cabernet Sauvignon. Caiado tirou fotos com vários colegas de partido e disse que estava ali para “fortalecer a base”.

Um influente político do União chegou a afirmar ao governador, em tom de brincadeira, que a condenação dele poderia ser equivalente ao impulso que Jair Bolsonaro ganhou na eleição de 2022 com a facada sofrida em Juiz de Fora (MG). Inelegível, o ex-presidente é hoje, inclusive, o principal entrave para que o governador seja o candidato da direita ao Planalto em 2026.

Antonio de Rueda, presidente do União Brasil, Ronaldo Caiado, governador de Goiás, e ACM Neto, vice do partido Foto: Iander Porcella/Estadão

Aliados viram como uma “revanche local” a condenação de Caiado por supostamente usar o Palácio das Esmeraldas, sede do governo estadual, para realizar evento de campanha do agora prefeito eleito de Goiânia, Sandro Mabel (União). A expectativa é de que a decisão judicial seja revertida, e não faltaram críticas ao que foi chamado de “atuação política” dos TREs pelo País afora.

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O próprio governador tem usado como exemplo, para se defender, o fato de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter livrado a ex-presidente Dilma Rousseff de punição em 2014 por supostamente ter feito entrevistas de campanha no Palácio da Alvorada. Ele também afirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva gravou vídeos neste ano a favor de Guilherme Boulos, então candidato à prefeitura de São Paulo, na residência oficial. Além disso, ressalta que Bolsonaro recebeu aliados no Alvorada na campanha de 2022.

A festa do União reuniu, além de Caiado, o presidente do partido, Antonio de Rueda, o vice da sigla, ACM Neto, os ministros Celso Sabino (Turismo) e Juscelino Filho (Comunicações), os líderes Efraim Filho (PB), do Senado, e Elmar Nascimento (BA), da Câmara, além do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. Até mesmo o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, marcou presença.

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