A imagem do advogado Cristiano Zanin Martins, indicado para o Supremo Tribunal Federal (STF), está diretamente atrelada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ele sabe que isso não vai mudar. Mas o advogado tem agido numa frente que mostra sua clara preocupação em se descolar da pauta progressista do Partido dos Trabalhadores.
Ao se encontrar com parlamentares evangélicos nesta semana, o advogado fez questão de abrir a conversa com a seguinte mensagem: “Sou católico, casado com a mesma esposa, pai de três filhos, e de família tradicional”.
O entendimento imediato do grupo foi de que Zanin quis expressar que tem viés mais conservador e não tem interesse em embarcar em pressões da extrema esquerda nas pautas de costumes, por exemplo aborto e drogas. Sobre esses temas, ele também fez questão de destacar a importância de as decisões serem dos parlamentares.
Ele precisou fazer esse aceno porque este é o Congresso considerado o mais conservador da história pós redemocratização. Sobretudo o Senado, onde a centro-direita ocupa mais de 60 das 81 cadeiras, e elegeu nomes mais de extrema direita como Damares Alves (Republicanos-DF), Jorge Seif Jr. (PL-SC), Magno Malta (PL-ES) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ),
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Zanin quebrou a resistência da bancada evangélica, que diz ter percebido o motivo de parte do PT e dos advogados ligados a causas da legenda não terem gostado da indicação dele para a vaga deixada por Ricardo Lewandowski.
“O Supremo não é tão liberal quanto se imagina nos costumes. Se Zanin for mais conservador, pode prejudicar algumas pautas”, avalia uma fonte com trânsito no STF.
Sinais particulares, por Kleber Sales. Cristiano Zanin, advogado
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