A decisão do bolsonarismo de só protocolar o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes (STF) em 9 de setembro foi calculada. Em reunião na liderança do PL na Câmara, na tarde desta quarta-feira, 14, expoentes da oposição concordaram que é preciso ter apoio popular para dar andamento ao processo. A portas fechadas, combinaram novas manifestações contra o magistrado na Av. Paulista, em São Paulo.
Ainda não há data certa, mas uma ala importante defende que um dos protestos seja em 7 de setembro, Dia da Independência. Enquanto isso, seguirá a coleta de assinaturas de parlamentares e juristas para o pedido de impeachment. A preço de hoje, ninguém aposta, porém, que o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD), vá acolher a ofensiva contra Moraes. Como mostrou o Estadão, ele disse a aliados que não vê clima para impeachment.
A mais recente manifestação na Paulista convocada pelos bolsonaristas, em 9 de junho, foi esvaziada. A expectativa da oposição é a de que as revelações da Folha de S.Paulo sobre a atuação do magistrado deem fôlego a novas investidas.
De acordo com o jornal, Moraes usou a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como braço investigativo de seu gabinete no STF nas diligências contra bolsonaristas. À época, Moraes presidia o TSE e as mensagens trocadas entre ele e juízes auxiliares indicam um procedimento fora dos canais oficiais. Em nota, o gabinete de Moraes afirmou que, no curso dos inquéritos, fez solicitações a inúmeros órgãos, incluindo o TSE. Segundo o magistrado, todas as ações foram feitas seguindo os termos regimentais.
Mais cedo, em coletiva de imprensa, o senador Eduardo Girão (Novo-CE) anunciou o início da coleta de assinaturas pelo pedido de impeachment do ministro. ““Não vivemos uma democracia na nossa Nação, infelizmente. Vivemos numa ditadura da toga”, disse Girão. Ele lembrou que já existe um requerimento de CPI contra os ministros do Supremo na Câmara, e pediu para a criação de uma nova comissão para investigar os fatos revelados pela Folha de S. Paulo.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.