Diante de um cenário em que as pesquisas reforçam a possibilidade de Eduardo Paes (PSD) ser reeleito prefeito do Rio de Janeiro em primeiro turno, Jair Bolsonaro (PL) foi instado a dedicar sua agenda à campanha de Alexandre Ramagem (PL), na semana inteira que antecede a votação. Nos bastidores, integrantes do partido manifestam frustração com a falta de envolvimento do ex-presidente na campanha e chegam a culpá-lo pelo baixo desempenho do candidato. Até o momento, Bolsonaro gravou um vídeo para a propaganda de Ramagem e não participou das agendas de rua.
À Coluna do Estadão, o presidente do diretório municipal do PL no Rio, Bruno Bonetti, minimizou a ausência do líder maior da sigla. Afirmou que Bolsonaro participa efetivamente da campanha e que o nome de Ramagem foi escolha pessoal do ex-presidente. Disse entender o volume de demandas da agenda e destacou sua participação na reta final. “Bolsonaro dedicará a última semana da campanha ao Rio, exatamente no momento da decisão do voto”, ressaltou.
Como antecipou a Coluna do Estadão, o ex-presidente estará na capital fluminense em toda a semana do primeiro turno das eleições. A previsão é que se encontre com o postulante carioca entre os dias 3 e 6 de outubro, inclusive acompanhando-o na votação.
Fato é que o cenário apresentado a essa altura da corrida eleitoral está muito distante das estimativas traçadas quando Ramagem foi escolhido para a disputa. Havia, dentro do PL, a leitura de que Bolsonaro tinha uma espécie de “toque de Midas” para as candidaturas, e prova disso era a escolha de Tarcísio de Freitas (Republicanos) para o governo de São Paulo. No entanto, a esperança de Ramagem ser o novo Tarcísio já foi descartada internamente, segundo apurou a Coluna.
O PL vê bolsonaristas se aproximando mais da campanha de Paes, que atrai eleitores da direita, do centro e da esquerda. A chance para Ramagem crescer seria atrelar muito diretamente sua imagem à de Bolsonaro, para reunir os mais conservadores e a ultradireita em torno de sua candidatura. Até agora, porém, ele não conseguiu fazer isso.
Os mais otimistas na campanha de Ramagem, ressaltam que o Datafolha, divulgado no dia 5, mostrou que 54% dos eleitores cariocas votarão em Paes por não haver melhor opção de voto, e que apenas 13% dos cariocas conhecem Ramagem “muito bem”, enquanto 46% não o conhecem. O mantra motivacional no partido afirma que presença de Bolsonaro para “criar um clima de reta final”, vai funcionar.
O instituto mostrou que Ramagem tem 11% das intenções de voto no Rio de Janeiro, atrás do adversário do PSD, que acumula 59%. O Datafolha ouviu 1.106 eleitores do Rio de Janeiro entre os dias 3 e 4 de setembro. A margem de erro do levantamento é de três pontos porcentuais. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número RJ-07390/2024.
Bolsonaro participou de uma agenda de rua de Ramagem no começo da campanha, em 18 de julho. Na ocasião, participaram, além dos dois políticos, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), e aliados bolsonaristas em um trio elétrico estacionado em uma das ruas de acesso da Praça Saens Peña, na Tijuca.
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