O ex-presidente Jair Bolsonaro gravará nesta segunda-feira, 16, em Brasília, cenas ao lado de candidatos a prefeito pelo PL, ou com apoio do partido, para o horário eleitoral de rádio e TV. Um dia depois de participar do debate da TV Cultura, marcado pela cadeirada de José Luiz Datena (PSDB) na direção de Pablo Marçal (PRTB), o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que concorre a novo mandato em São Paulo, irá a uma sabatina, participará de uma caminhada e de uma entrevista e não se encontrará com o ex-presidente.
Na lista dos nomes que farão vídeo e áudio com Bolsonaro consta o candidato do PL no Rio, Alexandre Ramagem, que, de acordo com pesquisas, enfrenta muitas dificuldades para superar o favoritismo do prefeito Eduardo Paes (PSD).
Embora na semana passada o ex-presidente tenha feito uma chamada surpresa para declarar apoio a Nunes, durante um jantar no Clube Monte Líbano, em São Paulo, integrantes do PL ainda reclamam que a campanha do prefeito sempre tentou escondê-lo.
“O marqueteiro de Nunes fez um estudo e entendeu que esse não era o melhor momento para a direita pura vencer em São Paulo porque Lula tinha ganhado de Bolsonaro na capital, em 2022″, disse o deputado Sóstenes Cavalcante (PL), um dos vice-presidentes da Câmara, numa referência a Duda Lima. “Por isso, a explicação era que não dava para colar em Bolsonaro.” Procurado pela Coluna, Duda não quis se manifestar.
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Apesar de Bolsonaro ainda não ter aparecido na propaganda nem ter feito campanha com o prefeito, as intenções de voto em Nunes cresceram, segundo as últimas pesquisas.
Considerado porta-voz do pastor Silas Malafaia na Câmara e autor do projeto antiaborto por estupro, Sóstenes chama a extrema-direita de “direita pura” e afirma que, se Nunes vencer a eleição, será por ter na chapa um vice indicado por Bolsonaro, o coronel da Polícia Militar Mello Araújo (PL), ex-comandante da Rota.
“Se ele não tivesse esse vice, a direita toda iria para Pablo Marçal”, argumentou o deputado, em alusão ao candidato do PRTB. Questionado se achava que eleitores conheciam o vice, Sóstenes respondeu: “Todos sabem que é de Bolsonaro.”
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Adversários de Marçal têm certeza de que o influenciador usa a estratégia de provocar os oponentes com o objetivo de gerar imagens que atraiam eleitores nas redes sociais. Após deixar o debate e se dirigir ao hospital, por exemplo, Marçal publicou uma foto em seu Instagram na qual comparava a cadeirada que levou de Datena à facada sofrida por Bolsonaro, em 2018, e aos atentados contra Donald Trump, que disputa novamente a presidência dos Estados Unidos.
Em queda nas pesquisas, os alvos do influenciador são justamente os bolsonaristas. Mas o ex-presidente, que já esteve próximo de Marçal, voltou a dar estocadas nele. Na sexta-feira, 13, por exemplo, compartilhou um vídeo antigo em que Marçal fazia críticas tanto à igreja católica quanto à evangélica.
Nunes disse em sabatina no Estadão, na semana passada, que “com certeza” fará imagens com Bolsonaro para o programa político. Hoje, o maior cabo eleitoral de Nunes é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que também tem ajudado a atacar Marçal e o candidato do PSOL, Guilherme Boulos.
Enquanto Bolsonaro e Nunes ainda não se acertaram, Lula vai tentar impulsionar a campanha de Boulos, que precisa conquistar votos na periferia. Até agora, o presidente tem duas agendas acertadas com o candidato do PSOL, em São Paulo, para os dias 28 deste mês e 5 de outubro, véspera do primeiro turno. Além disso, está prevista maior participação da candidata a vice, Marta Suplicy (PT), nas gravações, caminhadas e carreatas.
Marta entrou na campanha para ajudar Boulos não apenas na periferia, mas para desfazer a imagem de radical que ele ganhou quando era líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). A ex-prefeita de São Paulo tem o papel de avalista do deputado para vários públicos, da classes alta e média aos mais pobres, além de boa interlocução com as mulheres. Mesmo assim, Marta vem aparecendo pouco no horário eleitoral e nas agendas de rua e deve ter mais destaque a partir desta semana.