A declaração do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de que seu filho Eduardo mudou-se para os Estados Unidos porque está combatendo “algo como o nazifascismo” no Brasil, na última terça-feira, 18, provocou incômodo entre representantes da comunidade judaica.
O advogado Fábio Tofic Simantob, integrante do grupo Judias e Judeus pela Democracia-SP, considerou a manifestação de Bolsonaro ofensiva. “É uma ofensa comparar o sofrimento do povo judeu ao longo da história com a dor do golpe frustrado”, afirmou à Coluna do Estadão.

Na terça-feira, 18, dia em que o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) anunciou a licença do mandato na Câmara e disse que ficaria por tempo indeterminado nos Estados Unidos, o ex-presidente afirmou, com a voz embargada:
“Hoje está sendo um dia marcante para mim. O afastamento de um filho. Mais um filho que se afasta. Mais do que por um momento de patriotismo. Um filho que se afasta para combater algo como o nazifascismo que se coloca no nosso País”. O ex-presidente fez a declaração no Senado, enquanto visitava uma exposição sobre o Holocausto. Também participaram representantes de entidades que atuam pela preservação da memória do povo judaico.
Eduardo Bolsonaro disse que passará a morar nos Estados Unidos para buscar sanções ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Moraes é o relator de um processo que investiga Jair Bolsonaro por uma suposta tentativa de golpe de Estado. Em um vídeo, o parlamentar classificou a Polícia Federal de “Gestapo”, polícia secreta da Alemanha nazista, que perseguia judeus. “Aqui [nos EUA], poderei focar em buscar as justas punições que Alexandre de Moraes e a sua Gestapo da Polícia Federal merecem”.