PUBLICIDADE

EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia, com Eduardo Gayer e Augusto Tenório

Campanha de Boulos acerta passo com ‘dissidentes’ do PT e Tatto agora vê inferno astral para Nunes

Após ter dito que aliança com candidato do PSOL era ‘jogo de perde-perde’, secretário de Comunicação do PT admite erro na avaliação; estratégia da polarização entre Lula e Bolsonaro ganha força

PUBLICIDADE

Foto do author Vera Rosa

O comando da campanha de Guilherme Boulos avalia que a convenção do PSOL realizada neste sábado, 20, para oficializar sua candidatura à Prefeitura de São Paulo, mostrou que as rusgas com uma ala do PT ficaram para trás. O ato político indicou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará tudo para eleger Boulos e Marta Suplicy como vice e já enquadrou os petistas que torciam o nariz para o candidato do PSOL.

Um dos nomes da cúpula petista que foram contra a candidatura de Boulos e hoje integram a linha de frente da campanha é o do deputado Jilmar Tatto, secretário de Comunicação do PT. Em junho do ano passado, Tatto chegou a dizer ao Estadão que a aliança com o PSOL era “burra” por se tratar de um “jogo de perde-perde”, no qual o PT ficaria com uma bancada menor na Câmara Municipal e, ainda por cima, não ganharia a Prefeitura.

A convenção do PSOL que homologou a candidatura de Guilherme Boulos à Prefeitura passou a imagem de unidade, após uma série de rusgas com alas do PT. Foto: Felipe Rau/Estadão

PUBLICIDADE


Agora, porém, Tatto tem outro discurso e diz ter errado na avaliação. “Os astros estão alinhados com Boulos. Enquanto o PT se unificou, o outro lado é só confusão. A campanha do Ricardo Nunes entrou no inferno astral”, afirmou ele, numa referência à candidatura do prefeito, que disputa o segundo mandato. Na eleição municipal de 2020, Tatto concorreu à Prefeitura contra o próprio Boulos, mas não chegou ao segundo turno.

O secretário de Comunicação do PT lembrou que, no sábado, a convenção do União Brasil – partido do presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, – adiou a definição sobre o apoio a Nunes ou o lançamento de chapa própria. Por enquanto, o União Brasil mantém a pré-candidatura do deputado Kim Kataguiri, embora Nunes esteja confiante na aliança.

Ao citar o “inferno astral”, Tatto observou, ainda, que pesquisas mostram o coach Pablo Marçal (PRTB) tirando votos do prefeito no eleitorado conservador. Além disso, o apresentador de TV José Luiz Datena, pré-candidato do PSDB, elogiou Lula em sabatina UOL/Folha, no último dia 16.

“Lula não foi eleito três vezes à toa. O melhor governo foi o Lula”, disse Datena quando questionado se a melhor administração do País seria do petista ou do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na mesma sabatina, Datena deu estocadas em Nunes, que tem o apoio de Bolsonaro. O ex-presidente indicou o coronel da reserva Ricardo Mello Araújo (PL), ex-comandante da Rota, para vice da chapa.

Jilmar Tatto foi secretário de Transportes de Marta Suplicy quando ela era prefeita de São Paulo. Foto: Nilton Fukuda/Estadão


Na sexta-feira, 19, véspera da convenção do PSOL que homologou a candidatura de Boulos, Tatto e seus irmãos montaram uma plenária para Marta Suplicy conversar com mulheres, na Capela do Socorro, zona Sul. Depois, todos almoçaram na casa de Antonio Tatto, no mesmo bairro, conhecido como reduto eleitoral da “Tattolândia”.

Ex-prefeita de São Paulo pelo PT, Marta retornou ao partido em fevereiro, a pedido de Lula, após ter ficado nove anos afastada. Até dezembro do ano passado ela era secretária de Relações Internacionais da gestão Nunes.

Apesar do ânimo na campanha de Boulos, integrantes do governo Lula admitem, em conversas reservadas, que o desafio do candidato é diminuir consideravelmente a rejeição e conquistar votos de quem ganha até dois salários mínimos e mora na periferia da capital, onde Nunes fez entregas e cresceu, superando a barreira do desconhecimento. Até agora, pesquisas revelam empate técnico entre o prefeito e Boulos, com Nunes um pouco à frente.

Enquanto o comitê de Boulos aposta na polarização entre Lula e Bolsonaro na campanha e diz que Nunes é aliado de golpistas, o prefeito tenta fugir desse embate. A estratégia ali, discutida com o PL de Bolsonaro, é explorar a imagem de radical não apenas de Boulos – associando o adversário a invasões de terra – como do PSOL.

Publicidade

Com dificuldades na campanha desde a entrada de Marçal na corrida e a indefinição de Datena – que havia combinado ser vice na chapa do PSB, mas desistiu –, a candidata Tabata Amaral (PSB) afirma, por sua vez, que é a única em condições de vencer Nunes no segundo turno.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.