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Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia

Candidata do PT em Aracaju se autodeclara branca após passar em concurso com cota racial

Em 2016, Candisse Carvalho informou que se identificava como parda para concorrer às vagas reservadas à política de cotas raciais; em nota, petista afirmou que não percebia ‘a complexidade das questões raciais’

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Foto do author Eduardo Gayer

A candidata do PT à prefeitura de Aracaju (SE), Candisse Carvalho, que neste ano se autodeclarou branca à Justiça Eleitoral, passou em concurso público em 2016 nas vagas reservadas à política de cotas raciais. Ao disputar o cargo público na Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) — vinculada ao Ministério da Educação (MEC) — à época, ela havia se declarado como parda.

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Em nota, Candisse, que não chegou a assumir o cargo, afirmou ter concorrido via política de cotas por uma “visão social”. “A miscigenação, tão comum no Brasil, me fez não perceber a complexidade das questões raciais. Com o tempo e meu envolvimento político, percebi que a política de cotas é mais do que só se identificar; é uma resposta a séculos de injustiça contra a população negra e parda no Brasil”, declarou a candidata do PT.

“Reconhecer que sou branca no ato registro eleitoral é um passo importante para que eu possa estar nas trincheiras contra o preconceito. Saber onde estou na sociedade me ajuda a ser uma aliada na luta por justiça racial”, acrescentou Candisse. Ela é casada com o senador Rogério Carvalho (PT-SE) e disputa o seu primeiro cargo eletivo.

Como mostrou a Coluna do Estadão, a candidatura de Candisse à prefeitura de Aracaju causou um racha no PT de Sergipe. Enquanto Rogério Carvalho negociava a indicação da esposa, o ministro Márcio Macêdo (Secretaria-Geral) defendia apoio a Luiz Roberto (PDT). Carvalho e Macêdo são desafetos políticos.

Candisse com o presidente Lula e o vice-presidente Alckmin Foto: Ricardo Stuckert/PR

Veja, abaixo, a nota de Candisse:

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“Quando me inscrevi no concurso da Ebserh há 8 anos, como parda, fiz isso por causa de uma visão social que sempre esteve presente na minha vida. Foram várias gerações sem uma compreensão específica da própria autodeterminação. A miscigenação, tão comum no Brasil, me fez não perceber a complexidade das questões raciais.

Com o tempo e meu envolvimento político, percebi que a política de cotas é mais do que só se identificar; é uma resposta a séculos de injustiça contra a população negra e parda no Brasil. Essa política busca corrigir desigualdades que ainda existem e que afetam o acesso à educação, ao trabalho e a outros espaços de tomada de decisão. Reconhecer que sou branca no ato registro eleitoral é um passo importante para que eu possa estar nas trincheiras contra o preconceito. Saber onde estou na sociedade me ajuda a ser uma aliada na luta por justiça racial.

A verdadeira solidariedade exige que eu reconheça meus privilégios e use essa consciência para questionar as injustiças. É importante que a gente continue discutindo e entendendo a nossa identidade racial e suas consequências, levar a consciência para as escolas, especialmente aqui em Aracaju.”

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