Em delação premiada, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou que recebeu dinheiro do general Walter Braga Netto, ex-ministro do governo Bolsonaro, em uma “sacolinha de vinho”. O sigilo da colaboração foi derrubado nesta quarta-feira, 19, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), um dia após a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciar Bolsonaro e mais 33 no inquérito do golpe.
Segundo a denúncia da PGR apresentada ao Supremo, o dinheiro dado por Braga Netto a Cid seria usado em um plano para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Moraes, no fim de 2022, com vistas a dar um golpe de Estado no País.

Durante um depoimento ao STF em novembro passado, Cid foi perguntado: “Braga Netto entregou o dinheiro dentro de um carregador de vinho, uma caixa de vinho?”. Cid respondeu: “Não, não, uma bolsa de presente de vinho. Uma sacolinha. Aquela que o pessoal dá de presente”.
Em outro trecho do depoimento, Cid disse: “O general Braga Netto me entrega dinheiro”, acrescentando: “Ele (Braga Netto) entregou um... era tipo uma coisinha de vinho assim, de presente de vinho, com dinheiro. Eu não contei, não sei quanto, tava grampeado”.
Cid afirmou que entregou o pacote com dinheiro ao coronel De Oliveira, que pediu a Cid verba para seguir o plano golpista. Ainda segundo Cid, o coronel De Oliveira e o coronel Ferreira Lima sugeriram que ele conversasse com Braga Netto sobre o assunto.
Em uma reunião com Braga Netto e os dois coronéis, segundo Cid, o grupo afirmou:
“A conversa foi nesse nível: nós temos que fazer alguma coisa para que haja uma mobilização de massa, que haja alguma ação que tenha repercussão , que faça que o Exército tenha que fazer uma coisa, tenha que decretar um estado de sítio, os generais entendam a necessidade, que o presidente aceita assinar alguma coisa ou não, né?”, disse Cid, ressalvando que deixou o encontro por orientação de Braga Netto, que o considerou “muito próximo ao Bolsonaro”.