Na busca de uma saída honrosa para a CPI do MST, que não conseguiu aprovar quebras de sigilo e teve sua composição original esfacelada em meio às negociações do Centrão para integrar o governo Lula, a cúpula da comissão já cogita, nos bastidores, encerrar os trabalhos sem votar o relatório. Para o último capítulo, programado para ocorrer no dia 12 ou 13 de setembro, a expectativa é de mais uma sessão de bate-bocas.
Hoje, a oposição não tem maioria para aprovar o texto do relator, o deputado Ricardo Salles (PL-SP), que vai criminalizar lideranças dos movimentos sem-terra, como João Pedro Stedile, e também sugerir o indiciamento do deputado Valmir Assunção (PT).
A base governista, por sua vez, não aceita a inclusão do petista e prepara um relatório paralelo. Mas, o presidente da CPI, deputado Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), a bancada do agro que integra o colegiado e o próprio Salles, não vão aceitar. Ou seja, o impasse está estabelecido e a pizza está no forno.
Salles discorda que a CPI não trará resultados. “A falta de quebra de sigilo prejudicou. Mas não há como o Ministério Público não dar continuidade às investigações. E não abro mão do indiciamento de Valmir. O MP vai continuar a apuração tenho certeza. Temos fartas denúncias e relatos”, afirmou o relator à Coluna.
O deputado faz referência ao depoimento de assentados sobre a atuação dos líderes do movimento. Uma das depoentes foi a ex-participante do Acampamento São João, Vanuza dos Santos de Souza, que acusou o MST de expulsá-la da própria casa no assentamento por não concordar com a pressão política nas eleições. “Ou você vota, ou você perde a terra.”
Segundo Vanuza, o deputado Valmir Assunção (PT-BA) foi responsável por conceder a ela, há 16 anos, o lote no acampamento, para que pudesse construir a casa, posteriormente destruída. Ela acusou o parlamentar petista de ser o mandante da ação.
No Twitter, Assunção negou as acusações, chamou a CPI do MST de “teatro de horrores” e afirmou que o colegiado é “um palanque bolsonarista que não ajuda em nada a reforma agrária”. Nas redes sociais, ele se identifica como “militante do MST”.
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