Com um fim melancólico a caminho, como mostrou a Coluna, a CPI do MST tornou-se palco de um novo embate entre bolsonaristas e Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente do colegiado, Tenente-coronel Zucco (Republicanos-RS), cancelou a reunião desta segunda-feira após o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, suspender o depoimento de servidores de Alagoas.
Para o Supremo, convocar funcionários públicos estaduais seria uma prerrogativa de CPIs instaladas em Assembleias Legislativas. O colegiado ouviria nesta tarde dois dirigentes do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral), o diretor-presidente Jaime Messias Silva e o gerente administrativo José Rodrigo.
A decisão judicial causou revolta entre bolsonaristas da comissão, que veem interferência descabida. “É preciso manifestar a contrariedade deste colegiado com tal encaminhamento”, afirmou Zucco em ofício ao Supremo. “A CPI do MST ouviu servidores estaduais no curso de suas investigações, sem que os mesmos fossem impedidos de comparecer pelas razões ora expostas pelo ministro relator do caso”, acrescentou.
A CPI mirou os servidores estaduais para saber se há algum tipo de apoio ou financiamento pelo Iteral às Feiras Agrárias dos Movimentos Sociais do Campo. A audiência estava prevista para às 14h, mas foi cancelada por decisão do Zucco.
Enquanto isso, a base governista celebra a decisão de Barroso. “Agora é reta finalíssima. Dia 14 é o último dia. Bolsonaristas insistem, mas não têm força para prorrogar a comissão nem para aprovar o relatório. Vamos enterrar de vez essa CPI!”, comentou a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP).
O governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), é do grupo político do senador Renan Calheiros (MDB), alinhado ao governo Lula e rival do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). A decisão da Corte foi assinada pelo ministro Luís Roberto Barroso e complica o futuro da comissão, que está enfraquecida após os antagonistas ao governo Lula se tornarem minoria.
Fim dramático aguarda a CPI do MST
A decisão do STF acontece em meio à tentativa da oposição de construir uma saída honrosa para a CPI do MST. Como mostrou a Coluna, a cúpula da comissão já cogita, nos bastidores, encerrar os trabalhos sem votar o relatório. Para o último capítulo, programado para ocorrer no dia 12 ou 13 de setembro, a expectativa é de mais uma sessão de bate-bocas.
Essa foi a alternativa encontrada pelo relator, Ricardo Salles (PL-SP), e pelo presidente, Luciano Zucco, após o colegiado não conseguir aprovar quebras de sigilo e convocações. A CPI, vale lembrar, teve sua composição original esfacelada em meio às negociações do Centrão para integrar o governo Lula.
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