O desembarque do prefeito de Jundiaí, Luiz Fernando Machado, de mudança do PSDB para o PL, já era esperado pela atual cúpula tucana. A leitura hoje entre interlocutores do PSDB é de que ele “já foi tarde”. Isso porque Machado não era visto como um “tucano de grupo” entre interlocutores ligados ao atual comando da sigla, que guardou mágoa pelo empenho dele na candidatura presidencial do ex-governador João Doria em oposição à ascensão do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, novo presidente do diretório nacional.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto, foram a Jundiaí, no interior de São Paulo, neste sábado, 17, para filiar Machado e outros prefeitos, de olho na eleição de 2024.
Tucanos enfrentam uma debandada de prefeitos no estado de São Paulo depois de, pela primeira vez em 28 anos, ficarem fora do comando do Palácio dos Bandeirantes e de perderem o protagonismo em Brasília para a disputa entre PT e PL.
Como mostrou a Coluna do Estadão, prefeitos tucanos têm sido atraídos para o Republicanos, do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e também pelo PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, e pelo PSD, do secretário estadual de Governo, Gilberto Kassab. O PSDB chegou a somar 245 prefeitos no estado de São Paulo, mas 30 já deixaram o partido.
A debandada ocorre porque os candidatos à reeleição buscam maior tempo de televisão e mais verbas partidárias (garantidas em partidos maiores do que o PSDB), além de mais verbas estaduais do Palácio dos Bandeirantes, com a proximidade de Tarcísio.
Machado, o prefeito de Jundiaí, via ainda a derrota do irmão para deputado estadual, Fred Machado, como um sinal de enfraquecimento do PSDB. Agora, o prefeito aposta no campo ocupado pelo bolsonarismo em 2026 – seu candidato à sucessão e homem forte na prefeitura, José Antonio Parimoschi, também trocou o PSDB pelo PL.
Amigo de Machado, o presidente do PSDB na capital paulista, Fernando Alfredo, nega qualquer mágoa com ele, mas vê a debandada de prefeitos como “natural” e resultado das necessidades fisiológicas do atual sistema eleitoral.
“Esse movimento é natural. Prefeitos saem pela mesma questão que vieram, que não foi ideológica. Saem agora por fisiologismo, porque dependem de tempo de televisão e relação com Palácio dos Bandeirantes. Machado não ganha nada indo pro PL, só desgaste, mas nada apaga a história do que ele fez pelo PSDB”, afirmou Alfredo à Coluna do Estadão.
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