Os delegados da Polícia Civil de São Paulo preparam nova investida para pressionar o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Vão divulgar paulatinamente dados da pesquisa Raio X da Carreira de Delegado, para expor a insatisfação da categoria. O levantamento foi feito pelo sindicato da categoria, em abril, em todas as regiões do Estado, e ouviu 711 delegados.
O foco inicial é sobre os rendimentos. A pesquisa aponta que o salário de delegado no Estado mais rico do País está entre os menores no ranking das 27 unidades da Federação: ocupa o 22º lugar. Além disso, os dados apontam que 6 em cada 10 delegados têm ou tiveram alguma atividade extra para complementar a renda. Quando perguntados sobre qual área que o governado deveria dar mais atenção para melhorar a vida dos delegados, 74% responderam “reajuste salarial compatível com melhores salários pagos em outros estados”.
O recente benefício para inflar os rendimentos dos procuradores do Estado amplia a insatisfação na Polícia Civil, que enfrenta crises com a atual gestão desde o início do mandato.
Os atritos vão além da questão salarial. Em abril, uma medida preparatória do governo para dar poder de investigação à Polícia Militar escalou o desgaste com a administração estadual e aprofundou a rivalidade já existente entre as duas corporações. Tarcísio recuou.
O quadro se agrava porque o atual secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite (PL), fez carreira na PM, enquanto a praxe é que a pasta seja comandada por nomes de fora das polícias para evitar acusações de favorecimento de uma instituição em detrimento da outra.
Numa das tentativas de desanuviar o clima com a categoria, o governador nomeou 4.017 novos policiais civis este ano. Mas a presidente do Sindicato dos Delegados do Estado de São Paulo, Jacqueline Valadares, ressalta a evasão dos servidores. “São profissionais que desistiram de trabalhar na Polícia Civil de São Paulo, entre outros motivos, pelo salário incompatível com a relevância e a complexidade do cargo. De nada adianta fazer concursos se não houver política de incentivo à permanência na instituição”.
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