O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, cancelou a viagem que faria a Nova York neste domingo, 10, para participar de uma conferência sobre segurança com políticos e empresários brasileiros na Universidade de Columbia. Ele mudou de ideia depois da repercussão negativa de sua ausência em momento em que o Estado lida com desdobramentos do caso do assassinato no Aeroporto de Guarulhos de um empresário que delatou esquemas do Primeiro Comando da Capital (PCC).
A informação de que Derrite se preparava para embarcar aos Estados Unidos foi publicada pela Coluna. No sábado, a assessoria de imprensa do secretário confirmou que ele viajaria no domingo à noite.
Procurada novamente para informar se ele sairia do Brasil ou não, a equipe não respondeu. Contudo, os organizadores do evento em Nova York confirmaram que Derrite comunicou o cancelamento de sua participação.
No fim de agosto, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) havia autorizado que Guilherme Derrite ficasse nos Estados Unidos entre os dias 10 e 17 de novembro. A previsão, portanto, era a de que ele só voltasse ao trabalho em São Paulo na próxima segunda-feira, 18. O governo também havia autorizado que um major e um capitão da Polícia Militar de São Paulo viajassem para acompanhar o secretário.
O Collaboration and Integrated Policies for Public Security 2024 é um evento organizado pela Comunitas, uma organização da sociedade civil brasileira.
A ideia de sair de São Paulo antes mesmo de executores de um crime de grande repercussão serem identificados e capturados foi criticada por outros integrantes do governo do Estado e pessoas próximas recomendaram que Derrite mudasse de ideia. O fato de haver policiais de São Paulo suspeitos de envolvimento no crime e as incertezas sobre a abrangência que o inquérito aberto pela Polícia Federal pode alcançar deixam o caso ainda mais delicado.
A Polícia Federal abriu, de ofício, um inquérito para investigar o assassinato do empresário que fez acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo. Com a medida, a apuração deixa de ficar restrita às autoridades paulistas e seguirá o ritmo de investigadores federais. Há suspeita de envolvimento de policiais estaduais no crime.
O secretário tenta se viabilizar como um candidato ao Senado em 2026 e, segundo governistas, pretendia usar a conferência para se apresentar a empresários e à classe política como um quadro qualificado na área. Derrite foi procurado, mas não retornou os pedidos de contato feito pela Coluna.
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