A Representação Central Ucraniano-Brasileira (RCUB), entidade que representa mais de 600 mil brasileiros descendentes de ucranianos, enviou nesta sexta-feira, 24, uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em que cobra a participação do governo brasileiro na Cúpula da Paz. O evento acontecerá nos dias 15 e 16 de junho, em Lucerna, Suíça, para discutir a guerra na Ucrânia. O Palácio do Planalto, no entanto, sinaliza nos bastidores que Lula só deve comparecer se um interlocutor da Rússia estiver presente.
O assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Celso Amorim, está em Pequim para tentar construir a participação de Moscou na Cúpula da Paz. A China é a principal aliada de Vladmir Putin na seara internacional. No entendimento do governo brasileiro, só faz sentido promover uma conferência internacional para buscar o fim da guerra se houver a participação dos dois lados.
Sem citar as críticas de Lula ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski, a carta da RCUB agradece o “apoio consistente do Brasil à soberania e integridade territorial da Ucrânia nas Nações Unidas”. Zelenski e Lula têm uma relação tensa, sobretudo depois de o brasileiro ter comparado as responsabilidades das duas nações envolvidas no conflito. A invasão territorial da Ucrânia pela Rússia, porém, sempre foi condenada pelo País na ONU.
“A participação de Vossa Excelência neste evento não apenas será um apoio efetivo à Paz e apreço aos brasileiros descendentes de ucranianos, mas também ajudará a fortalecer a credibilidade e a liderança global do Brasil no mundo”, diz a entidade ucraniana, na carta enviada ao Palácio do Planalto.
Para a RCUB, o objetivo da conferência é discutir uma “paz abrangente e duradoura para a Ucrânia com base no direito internacional”. “Estamos convencidos de que a participação do Brasil neste evento, que está a fazer esforços significativos para encontrar opções para alcançar a paz na Ucrânia, é de fundamental importância”, defende o documento.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.