A disputa pela Prefeitura da terceira maior cidade mais populosa do Estado de São Paulo, Campinas, virou palco de disputa entre o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o Palácio do Planalto.
O ex-ministro de Jair Bolsonaro reagiu à cassação do registro de candidatura do candidato à reeleição, Dário Saadi, e culpou o PT pelo fato. A coligação petista é autora da ação que provocou o julgamento. O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), resolveu responder.
“Foi só o Dario disparar nas pesquisas que o PT tentou derrubar sua candidatura na Justiça. Essa tentativa do PT não vai dar certo, e quero dizer que Dario continua com nosso integral apoio”, afirmou Tarcísio.
Padilha rebateu. “Diferente do que disse Tarcísio em vídeo, quem cassou a candidatura foi a Justiça Eleitoral. Tarcísio, você é governador de São Paulo. Sabe muito bem que é abuso da máquina pública e abuso do poder político” disse. “Parece aquela música: ‘o outro lado é desespero’.”
O caso reacende a relação conturbada entre Tarcísio e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No último episódio, em agosto, Lula declarou que Tarcísio é seu “adversário político”, mas que o governo não deixará de investir em Estados controlados por oposicionistas.
Procurados pela Coluna do Estadão, Dário e Tarcísio não comentaram as declarações do ministro.
Na última quinta-feira, 19, o juiz da 275ª Zona Eleitoral de Campinas, Paulo Cesar Batista dos Santos, cassou o registro de candidatura de Saadi por suposto abuso de poder político.
De acordo com a sentença, Saadi teria “sistematicamente se valido de sua posição de autoridade para utilizar recursos e bens públicos como instrumentos de promoção pessoal e eleitoral”, o que é vedado pela legislação.
Na visão do magistrado, Saadi e sua equipe de campanha não podem registrar imagens e vídeos em espaços públicos. Isso porque, na condição de chefe do Poder Executivo, apenas ele pode entrar nos locais e os outros candidatos não —o que, segundo a legislação, desequilibraria o pleito.
A defesa do prefeito argumentou nos autos que não há “vedação à divulgação das realizações da gestão e da utilização de imagens de obras e serviços públicos em peças de propaganda eleitoral”.
Os advogados afirmaram ainda que o material é de acesso a todos os candidatos e que as imagens são públicas. “A campanha de Dário Saadi recebe a decisão com indignação e lamenta que o PT apele à Justiça para tentar contrariar a vontade amplamente majoritária dos campineiros”, escreveram, em nota.
Como consequência, Saadi também fica inelegível por oito anos. O prefeito afirmou que irá recorrer da decisão no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP).
Saadi lidera a disputa pela prefeitura de Campinas, segundo pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira, 19. O prefeito tem 46% das intenções de voto, enquanto Rafa Zimbaldi (Cidadania) aparece com 16%, empatado tecnicamente com Pedro Tourinho (PT), que tem 13%. Saadi cresceu dez pontos porcentuais em relação à última pesquisa Quaest, feita em 27 de agosto, enquanto Zimbaldi perdeu seis pontos no mesmo período.
Padilha também enviou uma mensagem de apoio ao candidato petista. “Pedro Tourinho, continue assim, fazendo sua campanha propositiva e tranquila. Mostre cada vez mais que é você, parceiro do presidente Lula, que vai trazer mais investimentos federais para resolver os problemas do povo e da cidade de Campinas”, disse.
Até o momento, o próprio Lula ainda não esteve na cidade.
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