A disputa pela vaga aberta no Tribunal Superior do Trabalho (TST) promete ser mais uma queda de braço entre os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O temor entre auxiliares palacianos é que o processo de indicação do próximo ministro da Corte vire um novo ponto de tensão com o Congresso, porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), responsável pelas indicações aos tribunais superiores, terá de tomar lado nessa corrida.
Nesta segunda-feira, 22, o TST elegeu uma lista tríplice de candidatos à vaga reservada à advocacia no tribunal. Lula deverá indicar um deles ao Senado, responsável pela sabatina e aprovação. Constam da lista tríplice os advogados Adriano Costa Avelino, de Alagoas e advogado pessoal de Lira; Antônio Fabrício de Matos Gonçalves, mineiro apadrinhado por Pacheco e pelo grupo de advogados Prerrogativas; além da sergipana Rosilene Morais.
Para aliados do presidente, Lula pode azedar mais um pouco a crise entre Lira e o governo, se escolher o nome apoiado por Pacheco. Ao mesmo tempo, o Palácio do Planalto precisa fazer acenos ao presidente do Senado para frear a “pauta bomba” representada pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Quinquênio, como mostrou a Coluna do Estadão.
A dúvida dentro do Planalto é se Lira, de fato, vai se empenhar de forma ferrenha para colocar seu advogado em um tribunal voltado apenas a questões trabalhistas.
Rosilene Morais seria uma “terceira via”, mas a hipótese é descartada por quem acompanha de perto as negociações.
Para bater o martelo da sua indicação, Lula quer ouvir os ministros Ricardo Lewandowski (Justiça), Jorge Messias (Advocacia-geral da União) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais).
O próprio passado de Avelino, porém, pesa contra sua escolha pelo presidente. Nas redes sociais, ele defendeu “guilhotina” para Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff. “Mas antes tem que cortar a língua para pararem de latir”, publicou, em março de 2016.
Em declaração ao Estadão em junho de 2023, Lira afirmou que Avelino é seu “amigo” e “excelente advogado”. Já Avelino confirmou à época que advoga para o presidente da Câmara, mas que “isso não se mistura com a parte política”.
Movimentações do mundo político e judiciário para fazer valer seus candidatos aos tribunais têm agitado Brasília. Como mostrou a Coluna do Estadão, a disputa por uma vaga no STJ acirrou o racha entre ministros do Supremo.
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