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Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia. Com Eduardo Barretto e Iander Porcella

Embaixador da UE no Brasil discorda de Lula: ‘Venezuela não é democracia’

Em entrevista à Coluna do Estadão, Ignacio Ybañez comenta posições do presidente sobre país vizinho e guerra na Ucrânia

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Atualização:

O embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybañez, refuta a ideia apresentada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que democracia seja um conceito relativo. Ele faz questão de criticar a ditadura da Venezuela, aliada do governo brasileiro. “Para nós, a democracia não é relativa. Democracia existe ou não existe. Na Venezuela, não existe democracia. No Brasil, existe”, afirma o diplomata em entrevista à Coluna. “Eleições e o respeito aos direitos humanos são elementos essenciais na democracia. E isso não é cumprido na Venezuela”.

O embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybáñez. Foto: Gabriela Biló/ Estadão

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Se discorda sobre a democracia na ditadura venezuelana, Ybañez concorda com Lula de que a solução para a Venezuela precisa ser encontrada pelos próprios venezuelanos. “São eles que têm que chegar à solução, não temos como apresentar”, defende o embaixador.

Durante a cúpula da União Europeia-Celac, em Bruxelas, Lula e o presidente da França, Emmanuel Macron, se reuniram paralelamente ao evento para discutir o processo político na Venezuela e formas de garantir que as eleições no país vizinho ocorram com lisura.

Lula, Emmanuel Macron, Gustavo Petro e Alberto Fernández se reuniram com a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodriguez, às margens da cúpula Celac-UE. Foto: Ricardo Stuckert/PR

A menção ao suposto relativismo da democracia, feita por Lula em uma recente entrevista, se somou a um histórico de declarações do presidente com repercussão negativa na comunidade internacional. Uma delas foi a que igualou as responsabilidades de Rússia e Ucrânia pela guerra em andamento no continente europeu.

Ybáñez evita comentar as falas de Lula e diz que elas precisam ser analisadas não por ele, mas pelo Brasil. “O voto do Brasil na ONU foi claríssimo: contra a agressão da Rússia. É o que fica”, diz o embaixador, ao ressaltar que o País se posicionou de forma contrária a Moscou nos espaços adequados da política externa - apesar das falas polêmicas do presidente.

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Por outro lado, o representante dos europeus em solo brasileiro avalia que o governo Lula poderia se somar a outros países e defender que a paz só pode ser alcançada se a Rússia retirar-se dos territórios que invadiu. “Gostaríamos de ter o Brasil mais ativo nesse ponto de vista”, diz Ignacio Ybáñez. “Queremos que o Brasil também nos ajude a trazer a China a essa conversa”, revela, em seguida. A China é uma aliada de primeira hora da Rússia.

Veja aqui a primeira parte da entrevista de Ignacio Ybañez à Coluna do Estadão, em que o embaixador, em nome da União Europeia, acena ao governo Lula para concessões no acordo comercial com o Mercosul.

UE-Mercosul

Em meio às negociações de um acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, o embaixador do bloco disse não ter ainda como avaliar uma eventual entrada da Bolívia no grupo sul-americano, porque o tema não foi levado às discussões com os europeus. “Se eles entram aceitando (como fazemos na UE) o acervo, o que está lá, é até bom ampliar o âmbito. Se, ao contrário, a entrada colocar uma complicação, não seria o melhor momento. Mas não tenho uma posição”, ponderou.

Os presidentes Lula e Luis Arce, da Bolívia.  Foto: Andre Penner/AP

Como mostrou a Coluna, o governo Lula conta com o deputado federal Celso Russomano (Republicanos-SP), alinhado ao bolsonarismo, para incluir a Bolívia no Mercosul. O Congresso Nacional precisa dar aval à proposta. Russomanno mantém conversas com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para a pauta ser votada em plenário já em agosto.

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