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Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia, com Eduardo Gayer e Augusto Tenório

Entrega de alimento para Yanomami sai do Exército e passa para ministério e iniciativa privada

Ministério dos Povos Indígenas assumirá o serviço a partir de abril; a atuação dos militares tinha caráter emergencial

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Foto do author Augusto Tenório

A partir de abril, a entrega de cestas de alimentos aos Yanomami passará a ser feita pelo Ministério dos Povos Indígenas (MPI), por meio da contratação de aeronaves da iniciativa privada. O trabalho vinha sendo executado pelas Forças Armadas em caráter emergencial, desde o início da força-tarefa do governo federal, para enfrentar a crise humanitária.

Somente este ano, os militares realizaram a entrega de 11 mil cestas de alimentos em Terra Yanomami, em uma área maior que o território de Portugal. A meta é encerrar o mês de março com a entrega de 15 mil cestas. De acordo com o Ministério da Defesa, a atribuição do serviço é do MPI.

Militares carregam alimentos Foto: Divulgação/Forças Armadas

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A mudança ocorre num momento em que a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, enfrenta desgaste por causa do prolongamento da crise humanitária na região. A Terra Indígena Yanomami registrou 363 mortes em 2023, mesmo após a ação de uma força-tarefa do governo federal para conter a crise humanitária no local.

O número é maior que o registrado em 2022, quando houve notificação de 343 mortes. Diante da gravidade do cenário, o governo anunciou, em fevereiro, a criação de um hospital indígena em Boa Vista, sem data para conclusão, e 22 unidades básicas de saúde que devem ser entregues ainda neste ano.

Em janeiro do ano passado, o governo federal decretou estado de emergência na Terra Indígena Yanomami após altos índices de morte principalmente por malária e desnutrição. O governo realizou operações para a retirada de garimpeiros e reabriu seis dos sete polos-base existentes no território Yanomami. Apesar disso, o governo reconheceu que as ações não deram conta de sanar a crise. O local sofre com invasões de garimpeiros e contaminação dos rios.

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“O ano de 2023 não foi suficiente para a gente resolver toda a situação instalada ali, com a presença do garimpo, com a presença de quase 30 mil garimpeiros convivendo ali diretamente no território, aliciando e violentando os indígenas, impedindo que as equipes de saúde chegassem ali. Agora a gente sai desse estado de ações emergenciais e passamos ao estado de ações permanentes a partir da instalação da Casa de Governo em Boa Vista”, argumentou a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, após a divulgação dos dados.

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