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Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia. Com Eduardo Barretto e Iander Porcella

Estilo Lira de pautar projetos gera ‘lavação de roupa suja’ em plenário da Câmara

Parlamentares fizeram apelo para terem previsibilidade sobre os projetos que serão votados antes das sessões. O presidente da Casa não se manifestou

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Foto do author Augusto Tenório
Atualização:

A sessão da Câmara na noite dessa quarta-feira, 20, que deveria ser dedicada à votação de matérias de consenso e sem polêmica, se tornou uma sequência de reclamações sobre a imprevisibilidade da pauta sob a presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). Deputados do PL ao PT protestaram, afirmando que a pauta só é disponibilizada pela Mesa minutos antes de sessões deliberativas, que por vezes são convocadas sem aviso prévio. Procurada, a equipe de Lira afirmou que ele não iria se manifestar.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) Foto: Zeca Ribeiro / Agência Câmara

O clima de insatisfação levou a quase todos os partidos e blocos a entrar em obstrução, por volta das 23h30. Aderiram: o bloco formado pelo PP de Lira com o União Brasil, PDT, PSB, Avante, Solidariedade, Patriota e a federação PSDB-Cidadania; o bloco MDB, PSD, Republicanos e Podemos; o PL; a federação PT-PCdoB-PV; o Novo; a federação PSOL-Rede; além da oposição e a minoria.

Confira as reclamações em plenário:

  • Adriana Ventura (Novo-SP): “Tentamos ser razoáveis. Agora uma publicação de pauta que acontece às 7h25min da noite e uma sessão com uma Ordem do Dia sem aviso prévio, porque temos que sair correndo, pois já começa Ordem do Dia, sem sabermos o que está votando, não é nem um pouco razoável, não é razoável!”.
  • André Fernandes (PL-CE): “É triste saber que esta Câmara mais uma vez se submete ao RIL — Regimento Interno do Lira. Até pouco tempo atrás, não sabíamos sequer o que seria pautado, o que iríamos votar. Chega a pauta, 5 minutos depois é iniciada a Ordem do Dia, e os Deputados têm pouco tempo para debater, para entender o que está sendo votado de tão importante para o povo brasileiro”.
  • Chico Alencar (PSOL-RJ): “Não podemos mais aceitar esse escárnio com todos aqui, que é a pauta misteriosa, apresentada, quando muito, 3 horas antes de ser discutida aqui. Isso é uma violência contra a nossa assessoria, tão competente e dedicada. Isso é uma violência contra os nossos mandatos”.
  • Eli Borges (PL-TO), que assume no próximo ano a presidência da Frente Parlamentar Evangélica: “De fato está havendo um desrespeito ao Regimento sem precedentes na história deste Parlamento. De fato, nós não temos condição de conviver com qualquer matéria que venha 10 minutos antes e às altas horas da noite”.
  • Gilson Daniel (Podemos-ES): “Mais uma vez vou alertar os deputados com relação à pauta de quinta-feira e de sexta-feira. Tenho preocupação com a pauta, porque não sabemos o que chegará para votarmos. (...) Temos que tomar uma posição. Não podemos aceitar que todas as vezes essas pautas cheguem com 10 minutos de antecedência para nós votarmos aqui”.
  • Helder Salomão (PT-ES), após orientar pela obstrução em nome da federação PT-PCdoB-PV, se dirigiu ao presidente da sessão, o deputado Paulo Fernando (Republicanos-DF). “[Protesto] sobre a forma como isso está sendo conduzido aqui no plenário da Casa. Não é só em relação à V.Exa., não. (...) A obstrução aqui não foi em relação ao mérito da matéria. Todos nós somos a favor do mérito, mas este Parlamento precisa ser respeitado”.
  • Marcel van Hattem (Novo-RS): “A pauta aqui é Kinder Ovo: abre junto com a Ordem do Dia, e não se sabe o que virá. Não dá mais para continuar desse jeito, presidente. Precisamos nos respeitar. Isso vale para o autorrespeito que os deputados devem ter para exigir que isso não aconteça mais”.
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