Responsável por quebrar o acordo entre Planalto e Câmara pela aprovação automática no Senado da “taxa da blusinha”, o senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL) mantinha lotada em seu gabinete, até agosto de 2021, a advogada Sophia Martini Vial como assistente parlamentar intermediária. Hoje, ela é gerente de políticas públicas no TikTok, rede social chinesa que abriu um e-commerce na plataforma já disponível em países como os Estados Unidos.
Após a reviravolta promovida por Cunha, os senadores aprovaram um destaque para reinserir a taxação de compras internacionais de até R$ 50 no projeto do Mover, o programa de estímulo à indústria automotiva. A matéria agora volta para a Câmara. Quem defende a cobrança adicional de imposto sobre as importações diz que a isenção prejudica a indústria brasileira em relação à estrangeira, que envia remessas ao País via e-commerce.
Procurado, o senador Rodrigo Cunha afirmou à Coluna do Estadão que nem Sophia, nem o TikTok têm “qualquer influência” no seu posicionamento a respeito do projeto. A empresa chinesa limitou-se a dizer que o e-commerce da plataforma não foi instalado no Brasil. A advogada não retornou aos contatos.
Como mostrou a Coluna do Estadão, o senador Rodrigo Cunha quebrou um acordo firmado entre Câmara e Palácio do Planalto ao retirar do projeto de lei do Mover, um programa voltado à indústria automotiva, a chamada “taxação das blusinhas”.
Na semana passada, a Câmara aprovou o Mover com a inclusão do trecho que cria uma taxa de 20% sobre compras internacionais até US$ 50, o que afeta diretamente empresas de comércio eletrônico.
Pelo acordo, o Senado iria carimbar o texto, que tem apoio do empresariado brasileiro, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não vetaria esse dispositivo, apesar de reconhecer o impacto negativo sobre a sua popularidade.
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