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Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia. Com Eduardo Barretto e Iander Porcella

Fiesp: disputa por presidência tem primeiro candidato e expõe insatisfação com Josué Gomes

José Carlos de Oliveira Lima teve o nome sugerido por sindicatos patronais que atuaram para destituir Josué no início de 2023; presidente e Fiesp não comentam

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Atualização:

Embora o mandato de Josué Gomes na presidência da Federação das Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp) siga até 31 de dezembro de 2025, a corrida para substituí-lo começou e expõe mais um capítulo da insatisfação de parte do setor industrial com a sua gestão. José Carlos de Oliveira Lima, um dos vice-presidentes da mais poderosa entidade patronal do País, apresentou seu nome e começou a campanha em tom crítico. Josué Gomes e a Fiesp não comentaram.

Para surpresa da cúpula da Federação, José Carlos lançou seu nome numa reunião da diretoria no último dia 22 de abril. Na ocasião, fez um comunicado breve. Disse que sete sindicatos da construção tinham sugerido sua candidatura e que o desafio já lhe fazia “cócegas”. A Coluna do Estadão teve acesso à ata da reunião. O texto relata suas palavras informando que “todos ficam convidados e comunicados da sua participação nas próximas eleições, pois gosta de desafio forte e desafio onde se possa mudar alguma coisa”.

Presidente da Fiesp, Josué Gomes  

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José Carlos preside o Sindicato da Indústria de Produtos de Cimento do Estado de São Paulo. Foram justamente os sindicatos patronais que tentaram uma articulação para destituir Josué Gomes do cargo no início de 2023, reclamando que o presidente da Fiesp seria distante da entidade e dos pleitos de interesse setorial.

“Admiro o Josué mas falta a ele o conhecimento institucional sobre a entidade. Não basta ser um grande empresário, tem de conhecer e fortalecer os sindicatos para fortalecer a indústria. O que queremos é uma Fiesp que volte aos seus princípios históricos”, afirmou à Coluna do Estadão.

A proximidade de Josué Gomes com o governo Lula também incomoda parte dos representantes desses sindicatos. Mas José Carlos evita esticar publicamente a contenda. “Não tem nada absolutamente de enfrentamento político”, afirmou. Ele também ressaltou que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Minha Casa Minha Vida (iniciados nas gestões petistas) foram criados com a participação da Fiesp.

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José Carlos de Oliveira Lima, vice-presidente da Fiesp Foto: Divulgação/@amarofoto


Racha na Fiesp começou a ficar evidente na campanha presidencial de 2022

Desde o período da campanha eleitoral de 2022, a Fiesp tem sido palco de uma disputa entre empresários ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os que são considerados mais próximos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Josué está neste grupo. Inclusive teve agenda em 24 de abril com Lula, em Brasília. A pauta não foi divulgada.

O embate político dentro da instituição começou a ficar evidente com o manifesto a favor da democracia, divulgado em agosto de 2022 nos principais jornais do País. Uma parte da entidade avaliou que a carta tinha o objetivo atingir Bolsonaro, então candidato à reeleição. O manifesto também marcou o rompimento definitivo entre Josué e Paulo Skaf, que ficou 18 anos no comando da entidade e passou a estimular um movimento contra o seu sucessor.

José Carlos de Oliveira Lima é um dos vice-presidentes da Fiesp há 20 anos. Atuou lado a lado de Paulo Skaf. Ele é presidente de honra do Conselho Superior da Construção (Consic).

A Fiesp é a maior entidade de classe da indústria brasileira. Representa cerca de 130 mil indústrias de diversos setores, de todos os portes e das mais diferentes cadeias produtivas, distribuídas em 131 sindicatos patronais.