Especialistas do setor aéreo apontam dois fatores de ceticismo com a possível fusão da Gol e da Azul: a dificuldade de um aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e o temor com a alta nos preços de passagens em um mercado mais concentrado. O governo Lula, por outro lado, tem defendido a operação entre as duas companhias aéreas.
“O problema é que elas vão acabar com a concorrência, as passagens vão ficar mais caras e ainda não se tem ideia do impacto que o negócio terá no mercado”, afirma Cleveland Prates, ex-conselheiro do Cade, acrescentando que em 2019 o órgão antitruste alertou para riscos à concorrência no setor com a venda de ativos da falida Avianca.

Se concretizada, a fusão criaria uma companhia aérea detentora de 60% do mercado doméstico, de acordo com dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
“Na última década, a participação das empresas aéreas no quantitativo total de passageiros pagos transportados sofreu alterações, mas ainda manteve níveis relativamente elevados de concentração de mercado no modal doméstico”, diz Prates.
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, deu o tom do entusiasmo do governo federal com o negócio. “Elas já controlam 60% do mercado. A possível fusão fortalece as empresas. O pior cenário seria se quebrassem”, afirmou Costa Filho na última quinta-feira, 16.
Em 3 de janeiro, o governo federal anunciou que fechou acordos com a Gol e a Azul com vistas a abater cerca de R$ 5,8 bilhões das dívidas das empresas com a União em débitos fiscais e previdenciários.