A senadora Mara Gabrilli (PSD-SP) repreendeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por ter relacionado beleza a não uso de equipamentos como muleta e andador. Tetraplégica desde os 26 anos, a parlamentar lamentou a “fala capacitista” do petista e disse que “passou da hora de o presidente estudar mais sobre o universo das deficiências”.
“Caminhar, seja com andador, muleta ou cadeira de rodas não enfeia ninguém, tampouco subtrai o potencial do ser humano”, afirmou à Coluna.
Gabrilli reclamou que Lula apresenta uma visão distorcida e equivocada sobre as pessoas com deficiência e disse que “o presidente deveria enaltecer a diversidade humana ao invés de diminuir as diferenças”. E concluiu: “Isso sim seria bonito”.
A senadora ainda ressaltou o esforço das pessoas para superar as limitações físicas e cobrou do governo ações inclusivas. “Vemos o quanto a pessoa deve lutar para conseguir exercer cidadania neste país. Estamos falando de tecnologias assistivas, ferramentas que Lula deveria trabalhar para garantir aos brasileiros”, concluiu.
Nesta terça, 26, ao falar que despacharia apenas do Palácio do Alvorada no período de recuperação após fazer uma cirurgia no quadril, Lula disse que disse que não será fotografado de andador. “Então, significa que vocês não vão me ver de andador, muleta, vocês vão me ver sempre bonito, como se eu não tivesse sequer operado, mas vou ter que ter um pouco de cuidado.”
Não foi a primeira gafe do presidente Lula. No primeiro semestre, num discurso de improviso, Lula afirmou que “a Organização Mundial da Saúde sempre afirmou que a humanidade deve ter mais ou menos 15% de pessoas com problema de deficiência mental. Se esse número for verdadeiro, existem quase 30 milhões de pessoas com problema de desequilíbrio de parafuso no Brasil. Pode uma hora acontecer uma desgraça”. Após muita repercussão, o presidente se retratou.
Mara Gabrilli participa de um experimento internacional de uso de exoesqueleto
Em abril deste ano, a senadora testou um exoesqueleto, um equipamento que permite a pessoas com paralisiam fiquem de pé e andem novamente. “Não sou a mesma pessoa depois de testar esse equipamento”, escreveu nas redes sociais, na ocasião. Segundo sua equipe, o objetivo é discutir formas sobre como transferir a tecnologia para o Brasil para ser utilizada na reabilitação de quem tem deficiência motora.
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