De férias em Lisboa, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), participou de um jantar-debate na noite dessa quarta-feira, 17, e animou quem estava presente ao relatar experiências pessoais — com pitadas dos bastidores do poder em Brasília.
O evento no restaurante Cícero Bistrot, que é mencionado pelos seus assíduos frequentadores como uma espécie de segunda “embaixada” dos brasileiros na capital portuguesa, fazia parte do lançamento do livro “Por que a democracia brasileira não morreu?”, dos cientistas políticos Marcus André Melo e Carlos Pereira. E Gilmar detalhou, por exemplo, um encontro que teve com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O magistrado contou que, durante a pandemia, foi convidado por Bolsonaro para uma reunião, na residência oficial, num sábado pela manhã. O então presidente não concordava com as medidas de isolamento e fechamento do comércio determinadas à época por estados e municípios. “Ele pegava o celular, abria o WhatsApp e me mostrava vídeos”, recordou Gilmar, complementando que Bolsonaro dizia: “Olha só, tem esse cara aqui que vai ter que fechar a lotérica, e não pode”.
O ministro lembrou que em determinado momento os assessores saíram da sala e Bolsonaro desabafou. “Ele ficou falando sobre como estava difícil, sobre como era atacado, da família, e, lá pelas tantas, se pôs a chorar”, detalhou Gilmar. O ministro disse que Bolsonaro parecia angustiado. “Aí eu disse, senhor presidente, a vida é difícil mesmo”.
Procurado pela Coluna do Estadão, Jair Bolsonaro confirmou o encontro e admitiu que se emocionou, sim. Relembrou que falou da família, da facada, das dificuldades que teve até chegar à Presidência da República. E, sobre as medidas de enfrentamento à covid, Bolsonaro disse que ressaltou a Gilmar que o governo federal tinha o general Braga Neto, para gerenciar a crise pandêmica.
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