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Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia. Com Eduardo Barretto e Iander Porcella

Gleisi faz raro elogio a Haddad e diz que ministro acerta ao negar ‘bagunça fiscal’ no governo

Presidente do PT afirma à Coluna do Estadão considerar positivo o ministro ressaltar que o déficit primário em 2024 será de 0,1% do PIB, menor do que o previsto pelo mercado financeiro; os dois têm histórico de divergências na política econômica

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Foto do author Iander Porcella

O histórico de divergências entre a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre decisões do governo é amplamente conhecido. Mas a petista tem notado méritos em declarações recentes do chefe da equipe econômica e, em conversa com a Coluna do Estadão, fez um raro elogio ao correligionário. Na avaliação dela, o titular da pasta acerta ao dizer que não há “bagunça fiscal” no governo e ressaltar que o déficit primário em 2024 será de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB), menor do que o previsto pelo mercado financeiro.

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“É positiva a postura do Haddad de enfrentamento a questões colocadas no debate da política econômica, tanto em relação a desmentir as fake news sobre o Pix, como na entrevista recente em que ele mostrou os avanços na economia brasileira”, afirmou Gleisi, em referência a uma entrevista do ministro à GloboNews na terça-feira, 7, e a um vídeo publicado nas redes sociais em que ele diz ser mentira que o governo vá cobrar impostos sobre o Pix.

Na visão da dirigente petista, Haddad tem mostrado que o resultado das contas públicas vai contra a expectativa negativa do mercado. “Ele acerta ao dizer que não temos uma bagunça fiscal, que o esforço fiscal feito pelo governo de 2023 para 2024 foi muito grande. Onde que não tem esforço fiscal nesse sentido? Ele tem destacado esse ponto.”

Mas Gleisi também demarca suas diferenças em relação à postura de Haddad. “Isso mostra que não precisamos seguir numa política de cortes”, emendou a presidente do PT, ao contrário do ministro, que propôs no fim do ano passado um pacote de redução de despesas, aprovado pelo Congresso. O chefe da equipe econômica também já admitiu que novas medidas de ajuste podem ser necessárias em 2025.

Há uma avaliação em alas do governo e do PT de que Haddad passava muito tempo se explicando ao mercado, mas sem defender de forma adequada os resultados da economia. A expectativa agora é que a chegada do marqueteiro Sidônio Palmeira ao comando da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência signifique também uma mudança na forma pela qual a Fazenda comunica suas medidas.

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Os atritos entre Gleisi e Haddad no atual mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva começaram ainda no início de 2023, quando a presidente do PT foi contrária à decisão do governo de voltar a cobrar impostos federais sobre combustíveis. A medida foi considerada uma vitória do ministro. A dirigente defendia prorrogar a desoneração dos tributos sobre gasolina e etanol para evitar um repique na inflação e eventual perda de popularidade do chefe do Executivo.

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, e Gleisi Hoffmann, presidente do PT 
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