Com o foco já voltado para as eleições de 2026, aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva têm visto com desconfiança os movimentos do presidente do PSD, Gilberto Kassab, e dizem em conversas reservadas que “todo mundo sabe que ele é Tarcísio”, em referência ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), um dos principais nomes da oposição.
O PSD, que tem três ministérios, deseja trocar a pasta da Pesca por outra mais robusta e ensaiou uma revolta contra o governo na Câmara durante a votação do pacote de corte de gastos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Foi o ponto final para quem tinha dúvidas sobre o “tarcisismo” de Kassab, na avaliação de governistas.
Procurado pela Coluna do Estadão, Kassab disse que nunca escondeu seu apoio ao projeto de Tarcísio e nem sua torcida para que o Brasil dê certo. Ele também ressaltou que o momento não é de discutir eleições. “Ano ímpar (2025) é de gestão, ano par é para eleição”, completou.
O presidente do PSD ficou conhecido por “colocar um pé em cada canoa” - ao mesmo tempo em que a sigla está representada na Esplanada de Lula, ele próprio é secretário do governo de São Paulo. Interlocutores de Lula, entretanto, têm visto o dirigente cada vez mais inclinado a pôr os dois pés na embarcação oposicionista.
Esse foi um dos fatores que minaram a possibilidade de o PT apoiar o líder do PSD na Câmara, Antonio Brito (BA), para a presidência da Casa, o que teria dado a Kassab ainda mais poder. A sigla de Lula preferiu aderir à candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB).
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.