EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia. Com Iander Porcella

Governo faz jogada política em São Bernardo para ter Lula e Alckmin no mesmo palanque

Partidos tentam acordo para lançar o pessebista William Dib como vice na chapa encabeçada pelo petista Luiz Fernando Teixeira

PUBLICIDADE

O PT e o PSB articulam uma jogada política para ter o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice Geraldo Alckmin no mesmo palanque na eleição municipal de São Bernardo do Campo (SP), berço político do chefe do Palácio do Planalto. Para evitar que os dois partidos se enfrentem nas urnas e dividam votos, o acordo que se encaminha é para lançar o pessebista William Dib, ex-prefeito da cidade, como vice na chapa encabeçada pelo petista Luiz Fernando Teixeira, deputado estadual.

PUBLICIDADE

Em entrevista ao Broadcast Político, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT), também ex-prefeito de São Bernardo, disse que é preciso mostrar qual candidato é “100%” alinhado ao governo federal - ou seja, deixar claro o concorrente na disputa municipal que terá Lula e Alckmin ao seu lado. O entrave para a aliança entre as duas legendas era o ex-deputado federal Marcelo Lima, do PSB, que não abre mão de se lançar à Prefeitura. De acordo com Marinho, contudo, ele migrará para o Podemos, o que abrirá o caminho para que os pessebistas se aliem ao PT.

“O que o nosso candidato está discutindo, é natural e tem a minha colaboração e o que esteja ao meu alcance de diálogo com os partidos, é montar uma boa frente partidária. A vinda do PSB para esse conjunto de legendas é muito importante para não pairar dúvida de qual é o candidato que tem relação 100% com o governo. O partido do vice-presidente da República estar junto é muito importante nesse processo”, afirmou Marinho.

O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversa com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT).  Foto: WILTON JUNIOR/ ESTADÃO

Há uma avaliação de que o pleito de São Bernardo será nacionalizado, assim como o de São Paulo. O candidato que hoje desponta como favorito nas pesquisas para a Prefeitura é o deputado federal Alex Manente (Cidadania), que deve contar com o voto bolsonarista. Mas a direita está dividida: o atual chefe do Executivo municipal, Orlando Morando (PSDB), lançou a pré-candidatura de sua sobrinha, a empresária Flávia Morando (União Brasil).

Dib governou a cidade de 2003 a 2008 e estava fora da política até anunciar nesta semana seu retorno ao PSB, partido ao qual esteve filiado até 2009. Ele foi o padrinho político de Orlando Morando e fez oposição ao PT durante muito tempo. Também atuou como deputado federal e diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Publicidade

A possível aliança entre antigos desafetos em São Bernardo remonta à formação da chapa Lula-Alckmin em 2022 para derrotar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em São Paulo, o retorno de Marta Suplicy às fileiras petistas para concorrer como vice de Guilherme Boulos (PSOL), contra o prefeito Ricardo Nunes (MDB), também foi vista com um exemplo de frente ampla.

“O doutor Dib é uma liderança da cidade importante, é evidente que agrega à frente (partidária). Fico feliz que ele esteja retornando, porque ele já foi do PSB, e entrando nesse processo, somando sob a liderança do Luiz Fernando. Agora, tem outras possibilidades que estão analisando lá. Mas não pode colocar alguém que desagregue”, declarou Marinho.

São Bernardo do Campo é a maior cidade da região do ABC paulista e foi onde Lula despontou nacionalmente, na década de 1970, como líder grevista no Sindicato dos Metalúrgicos, nos anos finais da ditadura militar que se instalou no País com o golpe de 1964. O petista elegeu a “reconquista” da cidade como uma das prioridades do PT nas eleições deste ano. O partido governou São Bernardo com Luiz Marinho, de 2009 e 2016, antes de Morando se eleger prefeito.

Em uma investida eleitoral no Estado de São Paulo, Lula foi a São Bernardo em fevereiro para anunciar novos investimentos da montadora Volkswagen no País. Alckmin também participou do evento.

Luiz Fernando Teixeira, o pré-candidato do PT este ano, é irmão do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira. Em 2016, ele chegou a ser cotado para concorrer à Prefeitura, mas o escolhido pelos petistas acabou sendo Tarcisio Secoli, então secretário de Luiz Marinho. Manente também disputou naquele pleito e foi ao segundo turno, mas o vencedor foi o tucano Orlando Morando, que depois se reelegeu em 2020, contra o próprio Marinho.

Publicidade