Um ministro palaciano resume o sentimento no Palácio do Planalto nestes momentos finais da eleição presidencial na Argentina: “Massa vai vencer. Se não vencer, ok. É da vida!”.
A mensagem reforça a torcida do governo Lula pelo candidato Sergio Massa, atual ministro da Economia, de corrente peronista. No entanto, deixa claro que não há intenção em rompimento das relações bilaterais Brasil-Argentina, caso a vitória seja do candidato libertário Javier Milei.
O tom do comunicado a ser emitido pelo Itamaraty após o resultado eleitoral no País vizinho só será fechado neste domingo. Mas a diplomacia mantém afastamento das discussões acaloradas do debate político que refletiu, especialmente no último mês, uma espécie de extensão da disputa Lula X Bolsonaro de 2022.
Marqueteiros do PT atuaram na campanha de Massa e levaram peças similares ao que foi feito na polarização brasileira. Já os bolsonaristas se envolveram diretamente no apoio a Milei.
Na área econômica, interlocutores brasileiros ressaltam que o comércio entre os dois países é muito grande. Também traçam um paralelo com o que ocorreu na gestão passada. Bolsonaro e o presidente da Argentina, Alberto Fernández, não tinham qualquer aproximação política. Mas isso não atrapalhou as relações comerciais.
Em 2022, o Brasil registrou um saldo positivo de US$ 2,2 bilhões nas transações com a Argentina. Foram US$ 15,3 bilhões em exportações e R$ 13,1 bilhões em importações. Produtos da indústria automotiva, minério de ferro, papel, trigo são produtos amplamente negociados pelos dois países.
Por outro lado, o governo brasileiro também mantém certa apreensão sobre medidas que possam ser adotadas por eventual gestão de Javier Milei.
Em recente entrevista, Milei fez ataques pessoais ao presidente Lula, a quem chamou de “comunista” e “corrupto”. Porém, ressaltou que não vai impedir relações comerciais com nenhum País, desde que sigam as leis de livre mercado.
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