O governo Lula nunca pôs à mesa a possibilidade de o presidente fazer uma retratação pública após comparar a ação de Israel em Gaza com o Holocausto. Mas, na expectativa de manter pontes com o Estado israelense, o Planalto aposta num “reposicionamento” das críticas.
A postura é adotada em duas frentes, segundo apurou a Coluna do Estadão. A primeira é uma ginástica semântica já iniciada pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que diz não ter usado a palavra Holocausto ao se referir à matança de judeus. A segunda é evitar o que alguns embaixadores chamam de “diplomacia de TikTok”.
A expressão em si não ganhou engajamento entre assessores e ministros palacianos, mas seu significado é de amplo conhecimento. O entorno de Lula e integrantes do Itamaraty estão cada vez mais incomodados com as manifestações do ministro israelense de Relações Exteriores, Israel Katz, pelas redes sociais.
A postagem mais recente de Katz sobre o ato de Jair Bolsonaro na Avenida Paulista, no domingo, foi considerada um “ultraje”. Integrantes do governo observam que o ministro israelense se meteu na política interna e em questões do Judiciário brasileiro.
O ministro israelense postou foto da manifestação na qual aparece uma bandeira de Israel. “Muito obrigado ao povo brasileiro por apoiar Israel. Nem Lula conseguirá nos separar”, afirmou em seu perfil no X (antigo Twitter).
Apesar disso, as autoridades do governo não consideram responder Katz pelos canais digitais. Avaliam que seria um rebaixamento diplomático.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.