O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, concordou com a indicação do PSD e vai nomear o ex-deputado federal Guilherme Campos para a secretaria de Política Agrícola. A oficialização no Diário Oficial, contudo, só vai ser publicada após o lançamento do Plano Safra, adiado para o dia 3 de julho. Campos vai preencher a vaga de Neri Geller, demitido no último dia 12 depois de o leilão do arroz ser anulado por suspeitas de irregularidades.
Guilherme Campos Júnior foi presidente dos Correios no governo Michel Temer e, hoje, comanda a Superintendência do Ministério da Agricultura em São Paulo por indicação do presidente do PSD, Gilberto Kassab. O dirigente partidário é braço direito do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), por sua vez cotado para substituir o ex-presidente Jair Bolsonaro na corrida pelo Palácio do Planalto em 2026.
Segundo apurou a Coluna do Estadão, a bancada do agronegócio no Congresso — apesar de ser oposição ao governo Lula — não se opõe à indicação de Guilherme Campos para a secretaria de Política Agrícola por considerá-lo um quadro com bom trânsito no Congresso.
O antecessor na secretaria, o ex-deputado Neri Geller, é filiado ao PP do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mas sua indicação para o governo federal era considerada da cota pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2022, Geller ajudou na interlocução entre o agronegócio e a campanha do PT.
O leilão do arroz, que custou o cargo de Neri Geller, foi anulado após o Estadão identificar que operação foi vencida por mercearia de bairro, fabricante de sorvetes e locadora de carros, empresas sem identificação com o setor. O caso está sendo apurado pela Polícia Federal, pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pela Controladoria-Geral da União (CGU). Nas palavras do presidente Lula, houe uma “falcatrua” no certame, que pode ser reeditado pelo governo federal a partir de novas regras.
Neri Geller acabou responsabilizado pelos problemas do leilão porque o diretor de Abastecimento da Conab, Thiago dos Santos, responsável pelo certame, era sua indicação direta. Além disso, a FOCO Corretora de Grãos, principal corretora do leilão, é do empresário Robson Almeida de França. Ele foi assessor parlamentar de Geller na Câmara e é sócio de Marcello Geller, filho do secretário, em outras empresas.
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