Em delação premiada, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) comprou motos para acompanhar Bolsonaro nas motociatas. O sigilo da colaboração foi derrubado nesta quarta-feira, 19, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), um dia após a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciar Bolsonaro e mais 33 no inquérito do golpe.
“A partir do momento em que o ex-presidente Jair Bolsonaro decidiu andar de moto, o GSI teve de comprar motos similares à do ex-presidente para poder acompanhá-lo. Para ir aos locais onde ocorriam as ‘motociatas’, por vezes tiveram que embarcar as motos para que essas chegassem ao local do evento”, disse Cid à Polícia Federal em agosto de 2023, acrescentando que acredita que as despesas eram pagas com cartão corporativo, abastecido com dinheiro público.

De caráter militar, o GSI é o ministério do Palácio do Planalto responsável pela segurança do presidente e familiares. No governo Bolsonaro, a pasta era chefiada pelo general Augusto Heleno, que também foi denunciado pela PGR no inquérito do golpe na terça-feira, 18.
Bolsonaro fazia motociatas com apoiadores em diversas regiões do País, em uma tentativa de demonstrar força política, inclusive durante a pandemia, época em que as aglomerações eram proibidas. Alguns desses eventos custaram, individualmente, mais de R$ 500 mil à Presidência. Em um dos atos na cidade de São Paulo, a Secretaria de Segurança estadual disse ter desembolsado R$ 1,2 milhão na ocasião.