O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, conquistou dois aliados de peso no debate sobre a mudança da meta fiscal: o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, e o ex-ministro Guido Mantega. A aposta é que os dois quadros, com acesso ao presidente Lula, possam ajudar o ministro a tentar convencer o chefe do Executivo a adiar uma eventual alteração na meta fiscal.
Enquanto Haddad defende deixar para março a decisão de alterar ou não a meta de déficit zero para 2024, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, quer que um parlamentar da base apresente, ainda neste ano, uma emenda à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para alterar o objetivo — provavelmente, para um déficit fiscal de 0,5%.
O apoio de Mercadante e Guido a Haddad foi descrito como “curioso” por um auxiliar do presidente. Além de os dois ex-ministros serem identificados com a ala desenvolvimentista do PT, ao contrário do perfil mais fiscalista de Haddad, Mercadante já protagonizou uma disputa de bastidores com o chefe da Fazenda.
No início do governo Lula, dizia-se no Palácio do Planalto que Mercadante se projetava como um “ministro da Fazenda paralelo” e queria o lugar de Haddad na Esplanada — o que ele sempre negou taxativamente. Esses comentários ganharam corpo após o BNDES propor um seminário sobre o arcabouço fiscal, que então ainda era um projeto da equipe econômica, em uma suposta tentativa de colocar digitais de Mercadante no texto.
O ruído, no entanto, refluiu ao longo do ano e Mercadante, inclusive, se posicionou ao lado do ministro no debate sobre a reoneração dos combustíveis, medida anunciada pela Fazenda e criticada publicamente pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
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