O deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB), candidato à presidência da Câmara, negocia com o PT a 1ª secretaria da Casa, caso seja eleito, em troca do apoio do partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Hoje, os petistas ocupam a 2ª secretaria, com a deputada Maria do Rosário (RS).
A disputa pela sucessão de Arthur Lira (PP-AL) no comando da Casa esfriou nas últimas semanas, com o foco dos parlamentares na eleição municipal, mas deve voltar a ganhar força a partir de agora. A 1ª Secretaria é ocupada hoje pelo União Brasil, com Luciano Bivar (PE).
O PL, sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, deve ficar com a 1ª Vice-Presidência da Câmara se Motta vencer a eleição. De acordo com deputados ouvidos pela reportagem, a 2ª vice-presidência da Casa ainda está indefinida e dependerá de negociações com outros partidos, assim como os outros cargos da Mesa Diretora.
Aliados de Motta dizem que ele avançou nas negociações pelo apoio do MDB, cujo líder, Isnaldo Bulhões (AL), também chegou a ser cotado para disputar a presidência da Câmara. Motta e Bulhões são amigos próximos.
Em setembro, o próprio líder do PT, Odair Cunha (MG), anunciou nas redes sociais que Lira havia escolhido Motta como seu candidato na Câmara. A postagem do petista ocorreu após um almoço em comemoração ao aniversário do líder do Republicanos.
Os líderes do PSD, Antonio Brito (BA), e do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), contudo, decidiram continuar na disputa pelo comando da Casa e fizeram uma aliança contra Motta e Lira - a ideia é que o candidato entre eles que tiver mais chances de ganhar assuma a candidatura mais para frente. Aliados de Brito dizem que houve um acordo anterior com o MDB.
Elmar era considerado o favorito de Lira, por ser seu amigo pessoal. Nos bastidores, contudo, deputados diziam que o presidente da Câmara preferia Motta. Quando Marcos Pereira (SP), 1º vice-presidente da Câmara na atual Legislatura e presidente do Republicanos, desistiu de concorrer e declarou apoio a Motta, Lira viu o caminho aberto para impulsionar o deputado paraibano.
Há uma avaliação na Câmara de que o desempenho do PSD nas eleições municipais pode favorecer Brito no jogo de forças da Casa. Aliados de Motta, no entanto, consideram que o crescimento da legenda “assustará” ainda mais parlamentares que temem a ingerência de Gilberto Kassab, presidente da legenda, nos assuntos internos do Congresso.
Em setembro, Motta reuniu-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto para tratar da sucessão. Quem articulou o encontro foi o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, correligionário de Motta. Alguns petistas têm resistências ao líder do Republicanos pelo fato de ele ter sido um dos “pupilos” do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, algoz da ex-presidente Dilma Rousseff, além de ter votado a favor do impeachment da petista, em 2016.
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