A intervenção do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nas discussões sobre o plano diretor de São Paulo causou desconforto em aliados do prefeito Ricardo Nunes (MDB). Eles se queixam de o chefe da pasta ter procurado o governador Tarcísio de Freitas, o secretário de Governo, Gilberto Kassab, e vereadores do PT para defender seu ponto de vista, mas não outros representantes da Câmara ou do Executivo municipal.
O projeto altera regras para o planejamento urbano da capital paulista, aprovadas em 2014, quando Haddad era prefeito. “Ele tem o direito de participar do debate, mas não desta forma. Devia ter participado de uma audiência pública, não procurado o governador”, diz Milton Leite (União), presidente da Câmara Municipal.
O parlamentar considera que o ministro se contradiz ao defender a manutenção da restrição de uma vaga de carro por apartamento nos prédios da cidade enquanto implanta, no governo federal, um programa de estímulo à compra de carros. “O próprio plano diretor dele prevê uma revisão. É o que estamos fazendo. Ele não pode impor as ideias dele, que foram derrotadas nas urnas”, afirma em alusão à derrota do petista ainda no primeiro turno das eleições de 2016, quando disputou a reeleição.
A mulher de Haddad, Ana Estela, é cotada para ser vice na chapa de Guilherme Boulos (PSOL) à Prefeitura. Os dois seriam os principais adversários de Nunes nas eleições de 2024.